Do O Globo
RIO — O candidato ao governo do Rio Marcelo Crivella (PRB)
disse, durante entrevista à TV Band na madrugada desta terça-feira, que “se
deixar a população da Baixada, das regiões periféricas, vivendo na miséria,
essas pessoas migram para vir roubar na capital onde tem a maior riqueza”.
Para Tião Santos, coordenador das entidades de promoção da
inclusão social Viva Rio e Fórum Grita Baixada, a fala do senador foi
“extremamente preconceituosa”. Santos refuta a ideia de que a violência está
relacionada à pobreza.
— O grau de preconceito dessa fala é inadmissível nos dias
de hoje. Se o problema da violência fosse os pobres, as favelas viveriam um
verdadeiro inferno, o que não acontece. Acho que o Crivella foi infeliz na
frase. Seria melhor se ele falasse no positivo, que, para acabar com a miséria
na Baixada, teria de investir no social, em políticas públicas. Foi uma fala
extremamente preconceituosa — afirmou Santos.
Em resposta, Marcelo Crivella declarou que, na verdade, quis
dizer que defende investimentos igualitários na capital e na Baixada
Fluminense.
Sobre as Unidades de Polícia Pacificadora, Crivella afirmou
que manterá o programa de Segurança Pública, sem deixar de dizer, no entanto,
que o modelo atual da UPP traz insegurança ao policial.
— Uma coisa é o sujeito vender cocaína e outra é ele vender
a droga e querer ser dono do morro. Precisamos fazer com que essa política (da
UPP) não fique só na Zona Sul. Ela tem que ir para o resto do Rio. Nós vamos
precisar aumentar o efetivo da polícia. Esse resultado que está aí hoje está
trazendo uma insegurança muito grande para o policial. Eu conversei com alguns
alunos que vão se formar no final do ano e muitos deles não querem ir para a
UPP. Eles não querem porque o risco de ir para uma UPP é muito grande, as
instalações são ruins.
O candidato abriu a entrevista dizendo que, se eleito, a
primeira ação que faria, seria “dar fim” à fila de 12 mil pessoas que estão
esperando por cirurgias de baixa complexidade, como hérnia e pedra na vesícula.
Segundo o candidato, o projeto seria viabilizado por meio de um mutirão, mas
ainda não sabe como vai fazer. Disse poder dar mais detalhes quando tiver os
dados do orçamento.
— Eu tenho que fazer convênio com a iniciativa privada,
pedir recursos ao Governo Federal, com os municípios. Eu não sei como vou fazer
ainda exatamente. Vou saber quando tiver os dados do orçamento.
CRÍTICAS A GAROTINHO
Durante a entrevista, Marcelo Crivella criticou seu
adversário político Anthony Garotinho, com quem divide o primeiro lugar nas
intenções de voto. Ao ser perguntado sobre o projeto de lei de sua autoria que
classificava como terrorismo as manifestações que ocorreriam durante a Copa do
Mundo e que também alterava direito a greve, o senador disse que o projeto foi
mal interpretado por causa de campanha de Garotinho.
— O governador Garotinho através da internet, e também
através do jornal O Povo, que fazia campanha favorável a ele antes da eleição —
fato que gerou muita multa, o governador tem um milhão de multas por ter feito
campanha antes da hora —, é que deram (sic) esse enfoque. Meu projeto não
falava de manifestações, e sim de terrorismo — justificou.
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