Além da ministra Marta Suplicy (Cultura), cerca de outros 15
ministros entregaram cartas de demissão até esta quarta-feira (12), colocando
seus cargos à disposição da presidente Dilma Rousseff.
Marta, que pediu demissão na terça (11), fez no mesmo dia
uma festa de despedida com sua equipe na pasta, em uma churrascaria.
Sua exoneração foi assinada pelo presidente interino Michel
Temer no dia seguinte, seguindo recomendação de Dilma. A ex-ministra será
substituída interinamente por sua secretária-executiva, Ana Cristina Wanzeler.
Os demais ministros permanecem nos cargos até decisão da
presidente.
Entre os que entregaram cartas estão Aloizio Mercadante
(Casa Civil), mentor da ideia avaliada internamente como
"atabalhoada", Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio),
Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia), José Henrique Paim (Educação) e
Moreira Franco (Aviação Civil).
As cartas entregues ao Planalto, à exceção da encaminhada
por Marta, seguem estilo protocolar, colocando os cargos à disposição.
Já a ex-ministra da Cultura optou por fazer enviar um texto
com críticas indiretas à presidente, principalmente na condução da economia.
Marta desejou que Dilma seja "iluminada" ao
escolher sua próxima equipe econômica e que opte por um ministro independente,
capaz de resgatar a credibilidade e confiança do país.
A decisão de exonerar Marta imediatamente, enquanto demais
ministros podem ficar até o final do ano, está relacionada à sua postura ao
sair do governo, em tom que desagradou a presidente.
Nesta quarta, em entrevista no Planalto, Mercadante disse
que "seguramente, mais de dez ou 15 ministros já apresentaram [suas
cartas] e outros entregaram direto no gabinete da presidente".
SUGESTÃO
Segundo o chefe da Casa Civil, a apresentação do pedido de
demissão foi sugestão dele e de outros ministros.
"É uma forma de demonstrar publicamente respeito ao que
foi o tema da campanha -equipe nova", afirmou Mercadante, muito criticado
internamente pela ideia.
Um ministro disse à Folha que a entrega coletiva dos cargos
não tem sentido, já que as vagas pertencem à presidente, que pode dispensar
qualquer auxiliar no momento em que considerar adequado.
Inicialmente, a ideia era que os ministros entregassem as
cartas apenas na próxima semana, quando Dilma estará de volta ao país. Ela
chega hoje à Austrália, onde participará da reunião do G20.
O movimento foi, porém, precipitado pela saída de Marta.
Mercadante minimizou o gesto da colega e disse que a avalanche de cartas
recebidas não tem "nada a ver" com seu pedido de demissão.
Também entregaram suas cartas de demissão os ministros
Thomas Traummann (Secretaria de Comunicação), Marcelo Neri (Assuntos
Estratégicos), Luís Inácio Adams (Advocacia-geral da União) e Francisco
Teixeira (Integração Nacional), entre outros.
Já disseram que o farão nos próximos dias Manoel Dias
(Trabalho) e César Borges (Portos).
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