quinta-feira, 13 de novembro de 2014

DEMISSÃO EM MASSA

Além da ministra Marta Suplicy (Cultura), cerca de outros 15 ministros entregaram cartas de demissão até esta quarta-feira (12), colocando seus cargos à disposição da presidente Dilma Rousseff.
Marta, que pediu demissão na terça (11), fez no mesmo dia uma festa de despedida com sua equipe na pasta, em uma churrascaria.
Sua exoneração foi assinada pelo presidente interino Michel Temer no dia seguinte, seguindo recomendação de Dilma. A ex-ministra será substituída interinamente por sua secretária-executiva, Ana Cristina Wanzeler.
Os demais ministros permanecem nos cargos até decisão da presidente.
Entre os que entregaram cartas estão Aloizio Mercadante (Casa Civil), mentor da ideia avaliada internamente como "atabalhoada", Mauro Borges (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia), José Henrique Paim (Educação) e Moreira Franco (Aviação Civil).
As cartas entregues ao Planalto, à exceção da encaminhada por Marta, seguem estilo protocolar, colocando os cargos à disposição.
Já a ex-ministra da Cultura optou por fazer enviar um texto com críticas indiretas à presidente, principalmente na condução da economia.
Marta desejou que Dilma seja "iluminada" ao escolher sua próxima equipe econômica e que opte por um ministro independente, capaz de resgatar a credibilidade e confiança do país.
A decisão de exonerar Marta imediatamente, enquanto demais ministros podem ficar até o final do ano, está relacionada à sua postura ao sair do governo, em tom que desagradou a presidente.
Nesta quarta, em entrevista no Planalto, Mercadante disse que "seguramente, mais de dez ou 15 ministros já apresentaram [suas cartas] e outros entregaram direto no gabinete da presidente".
SUGESTÃO
Segundo o chefe da Casa Civil, a apresentação do pedido de demissão foi sugestão dele e de outros ministros.
"É uma forma de demonstrar publicamente respeito ao que foi o tema da campanha -equipe nova", afirmou Mercadante, muito criticado internamente pela ideia.
Um ministro disse à Folha que a entrega coletiva dos cargos não tem sentido, já que as vagas pertencem à presidente, que pode dispensar qualquer auxiliar no momento em que considerar adequado.
Inicialmente, a ideia era que os ministros entregassem as cartas apenas na próxima semana, quando Dilma estará de volta ao país. Ela chega hoje à Austrália, onde participará da reunião do G20.
O movimento foi, porém, precipitado pela saída de Marta. Mercadante minimizou o gesto da colega e disse que a avalanche de cartas recebidas não tem "nada a ver" com seu pedido de demissão.
Também entregaram suas cartas de demissão os ministros Thomas Traummann (Secretaria de Comunicação), Marcelo Neri (Assuntos Estratégicos), Luís Inácio Adams (Advocacia-geral da União) e Francisco Teixeira (Integração Nacional), entre outros.
Já disseram que o farão nos próximos dias Manoel Dias (Trabalho) e César Borges (Portos).
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