Por Hubert Alqueres, via Blog do Noblat
A presidente Dilma Rousseff acaba de anunciar seu novo
ministro da Educação. Será o governador do Ceará, Cid Gomes. É um estranho no
ninho, o homem errado no lugar errado.
E, sobretudo, em um momento em que o Brasil não pode mais
experimentar em matéria de políticas públicas para a área da educação.
Desde que o ensino fundamental foi universalizado formou-se
um razoável consenso no país de que o passo seguinte seria uma profunda
revolução na qualidade do ensino básico. Sem ela, já se dizia no século
passado, o Brasil não alcançaria o crescimento sustentado.
O diagnóstico era mais do que preciso: tornava-se necessário
enfrentar o bunker do corporativismo, implantar a meritocracia, um conceito
demonizado nas últimas eleições, e principalmente focar na aprendizagem do
aluno, no desempenho escolar.
Pouco, mas muito pouco, se avançou nesta direção neste
terceiro milênio. Depois de mais de uma década de políticas educacionais
erráticas, descobre-se agora aquilo que estudos internacionais já apontavam na
virada do século: na educação não basta apenas mais verbas. É preciso cobrar
desempenho, ter planejamento, mirar no longo prazo.
Resultado: o fosso entre a educação brasileira e a dos
países desenvolvidos tornou-se abismal. E mais profundo ainda tornou-se o fosso
entre a rede pública de ensino e as escolas de qualidade do setor privado.
Esse é o lado mais perverso de uma política educacional que
anda de lado, quando não vai para trás. Ela contribui enormemente para a
perpetuação da desigualdade, condena a maioria da nossa juventude a ficar à
margem do progresso e de ter um futuro bem melhor.
A grande missão, portanto, do novo ministro da Educação
seria promover um profundo rearranjo da Educação para a superação desses dois
grandes fossos.
Entender que o ensino cada vez mais se torna
interdisciplinar e transversal, que o mercado de trabalho exige um novo
profissional, dotado de inteligência emocional, de capacidade de liderança, de
conviver em grupo, de interagir e de se conectar com a sociedade e com o mundo.
A pergunta que se impõe é cristalina: Cid Gomes tem essa
dimensão, está à altura da exigência dos novos tempos?
Claro que não. Está longe, e põe distância nisso, de
incorporar o sentido mais nobre da política, de ter capacidade de aglutinar, de
promover uma mobilização nacional para que a educação básica pública mude de
patamar.
E como educador é um jejuno, mais precisamente um estranho
no ninho.
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