Por Fábio Campos, O Povo
Diante de seus 39
ministros (talvez a maior reunião ministerial do mundo), a presidente Dilma
Rousseff proferiu uma frase sintomática dos tempos em que vivemos: “Não temos
mais dinheiro para jogar pela janela”. Um raciocínio infantil concluiria: “Ora,
a presidente disse então que jogava dinheiro pela janela”.
Horas depois da incrível frase presidencial, a Petrobras
divulgou seu balanço madrugador. Em seu conteúdo, a confirmação da lógica
infantil. Atentem para o seguinte ponto do balanço: “Baixa dos valores
relacionados à construção das refinarias Premium I (R$ 2.111 milhões) e Premium
II (R$ 596 milhões), em razão da descontinuidade desses projetos”.
Ou seja, a Petrobras contabilizou como prejuízo os recursos
milionários que investiu nos projetos de construção das duas refinarias
Premium. Na do Maranhão, um gasto de R$ 2,1 bilhões. Na do Ceará, R$ 596
milhões. Foi mais uma fortuna solenemente jogada pela janela. No total, R$ 2,7
bilhões. Não duvidem se alguns espertos estivessem debaixo da janela embolsando
cédulas.
Mas, o leitor mais atento há de perguntar. Como foram gastos
R$ 2,7 bilhões em obras de duas refinarias que nem sequer começaram a ser
erguidas? Pois é. No Maranhão, ainda foram feitas obras de preparo da área,
como a terraplanagem. E no Ceará? O que se sabe a respeito é que um vigoroso
matagal ocupa o terreno destinado à falecida Premium II.
Mantemos o raciocínio do dinheiro jogado pela janela. O
Governo do Ceará estima que gastou cerca de R$ 650 milhões para atender
demandas da Petrobras no caso da refinaria do Pecém. Consideremos que o
Maranhão gastou o mesmo valor. Essa conta de padeiro alcança a impressionante
cifra de R$ 4 bilhões janela afora sem que nem um só alicerce tenha sido feito.
Números jogados pela janela não nos servem sem que haja uma
boa referência para efeito de comparação. Então, vamos lá. A ordem de serviço
da Linha Leste do metrô de Fortaleza, assinada em novembro de 2013 durante
visita da presidente Dilma Rousseff ao Ceará, destinou R$ 2,26 bilhões para a
obra. Ao todo, a linha receberá investimento de R$ 3,43 bilhões (R$ 2,2 bilhões
federais e R$ 1,4 bilhão do governo do Estado).
Perceberam? Somente o que foi jogado pela janela para
elaborar dois projetos de refinaria e tocar alguns preparativos dos terrenos
daria com sobras para fazer a linha de metrô subterrânea que cortará os mais
importantes bairros de Fortaleza. O troco resolveria, ainda com sobras, o
prejuízo que o Estado está tomando com as obras paradas do VLT.
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