É comum transformar-se a Astronomia em Astrologia, assim
como a Medicina em magia e até a História em lenda. Não dá para aceitar, porém,
que se pretenda trocar rejeição por alta exposição. Impopularidade por viagens
aos estados. Essa parece a estratégia da presidente Dilma para enfrentar os
péssimos resultados de recente pesquisa que revelou ampla rejeição nacional ao
seu governo. Madame decidiu que viajará pelo país, mostrando-se. Admitiu, até,
dar entrevistas aos meios de comunicação.
O problema está em que se não apresentar fundamental mudança
de objetivos em seu governo, não vai adiantar nada. Poderá desfilar em carro
aberto, abanar as mãos para os transeuntes e até ser aplaudida por claques
adredemente contratadas, mas continuará rejeitada pela nação caso não leve na
bagagem mensagem diversa da que adotou depois de sua reeleição. Fracassará na
tentativa de recuperação se permanecer patrocinando aumento de impostos,
suprimindo direitos trabalhistas e permitindo “ajustes” ditados pelo anacronismo
de economistas que servem às elites.
Só com um pacote de profundas iniciativas sociais,
econômicas e políticas a presidente assistirá mudarem os índices negativos que
vem colhendo. Precisará, é claro, enfrentar a corrente reacionária responsável
por havê-la convencido a enviar a fatura da crise para os mesmos de sempre, ou
seja, as massas e a classe média.
Perguntarão alguns ingênuos e muitos pascácios sobre que
tipo de reformas poderiam ser implantadas, e com que dinheiro. Será fácil
replicar que dinheiro há, bastando procurá-lo nos privilégios das elites, no
acúmulo das grandes fortunas, nos lucros abusivos do sistema financeiro
nacional e do estrangeiro aqui sediado, nas vultosas remessas para o exterior
e, obviamente também, batendo firme na corrupção.
Que reformas? A garantia do trabalho por meio do retorno à
estabilidade no emprego; a participação dos empregados no lucro das empresas; a
cogestão; a multiplicação do salário mínimo; a taxação das grandes fortunas; o
estabelecimento do imposto sobre herança; a obrigação de ser reinvestida no
país a maior parte do lucro das multinacionais; a nacionalização de atividades
ligadas à soberania nacional; a atualização do salário-família. E muitas
alterações a mais no plano sócio-econômico, mantendo ainda por algum tempo o
assistencialismo do bolsa-família e seus congêneres, mas a médio prazo trocando
esmolas por direitos. Quanto ao plano político, que o Congresso cuide dele, sob
sua vigilância.
Alguém espera que a presidente Dilma possa levar na mala
reformas efetivamente de vulto e expressão, como algumas acima referidas? Só no
dia em que o sargento Garcia prender o Zorro. Sendo assim, a impopularidade só
aumentará, transformando-se em rejeição permanente. E em…(cala-te, boca).


Nenhum comentário:
Postar um comentário