Por Mário Vitor Rodrigues, via Blog do Noblat
Não tenho pistas sobre o fim do Brasil - quem sou eu, se até
mesmo Marcelo decidiu repensá-lo - mas defendo desde já a derrota de 7 a 1 para
a Alemanha como sendo o ponto mais alto da nossa existência. Foi graças à sova
germânica que o sarcasmo passou a ter prioridade por aqui, assumindo o
protagonismo nas esquinas, via preços altos, abusos, auto-enganos e esculachos.
Convenhamos, só mesmo tão perfeita humilhação poderia jogar luz sobre uma
realidade preexistente, enfrentar de peito aberto hipócritas de grife mundialmente
reconhecida - nós - e de quebra mudar por completo a maneira como um povo
assiste a telejornais.
Dia desses, por exemplo, mal liguei a televisão e dei de
cara com um rosto bem vermelho, olhos esbugalhados, cabelos reunidos em um tufo
com ares de crina para quem é governista, nada além de um patético penacho para
o brasileiro já cansado de tanta bandalheira. Exato, Eduardo Cunha preenchia
toda a tela, mas não mudei de canal. Enquanto escovava os dentes também ouvi o
nome de Collor, algo sobre a Casa da Dinda e carros espetaculares. Deu até
tempo para prestigiar uma análise a respeito do vexatório encontro no Porto.
Devo admitir, estou achando ótima essa saraivada de
escândalos. Melhor do que ver tanta sujeira sendo expurgada, principalmente
quando envolve caciques desde sempre tidos como intocáveis, só mesmo perceber o
bom funcionamento de instituições como o Ministério Público e a Polícia
Federal. Não é pouca coisa, em se tratando de uma sociedade habituada a
promiscuidades e conchavos vários em praticamente todas as suas esferas.
A nova capa da Veja é outro bom sinal. Não é a primeira vez
que alardeiam o cerco se fechando em torno de Luiz Inácio, é verdade, porém
nunca antes o PT e seu líder máximo foram desnudados de maneira tão
contundente.
O desabafo do capo di tutti capi foi sintomático. Comparar
petistas a judeus perseguidos pelo nazismo, e em seguida declarar-se de “saco
cheio” com tanto discurso de ódio? Desfaçatez sempre teve presença marcante na
personalidade de Lula, mas o caso, agora, parece ser outro. Apenas o desespero
pode explicar tão grosseira referência ao Holocausto. Sobre a segunda parte do
discurso, uma gostosa gargalhada é o único comentário possível. Afinal, quem
mesmo especializou-se em retalhar o Brasil de todas as maneiras possíveis,
utilizando justamente o ódio como plataforma?
Só fiquei preocupado com o resultado da pesquisa CNT, dando
conta que apenas 7% dos brasileiros aprovam o governo Dilma. Digo, fossem sete
pessoas, e não sete por cento, considerando um governo cada vez mais bem
sucedido na tarefa de afundar o País, envolvido em escândalos bilionários até a
tampa e composto por larápios da pior espécie, ainda assim seria uma multidão
de fazer Luther King babar na cova.
Peço desculpas se a cena descrita no segundo parágrafo não
está perfeitamente detalhada. Escovava os dentes enquanto ouvia o noticiário?
Voltava da rua ou me preparava para sair? Já não lembro mais. De todo modo
estou otimista. Enquanto Marcelo titubeia, e Lula esperneia, eu fico só de
camarote. O fim está cada vez mais próximo, de fato, mas, ao que tudo indica,
ainda não será o nosso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário