A Polícia Civil e o Ministério Público já trabalham com a
possibilidade de que os contratos fraudados com prefeituras paulistas
envolvendo a máfia da merenda escolar chegue a R$ 20 milhões, sendo R$ 2
milhões desse valor voltados a propinas.
Nesta quarta-feira (30), o servidor público estadual Carlos
Eduardo da Silva foi o primeiro dos sete presos por fraude no dia anterior,
durante desdobramento da Operação Alba Branca, a ser ouvido. Silva é ex-diretor
da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), envolvida no escândalo. Sua
função no grupo era encaminhar pedidos de liberação de verbas federais e
estaduais para a cooperativa que, segundo a investigação, seria apenas fachada
para encobrir as atividades ilícitas na fraude.
A defesa de Silva negocia acordo de delação premiada, mas,
segundo o promotor Leonardo Romanelli, isso vai depender do tamanho da
colaboração.
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo
(Alesp), Leonel Julio, de 80 anos, também deve depor. Integrante do antigo MDB,
o ex-deputado dirigiu a Casa em 1976, quando foi cassado pelo regime militar
acusado de corrupção. Já seu filho, Marcel Julio, que está foragido, negocia se
apresentar nesta semana.
Todos os presos estão em celas separadas ou diferentes
cadeias da região, para que não tenham contato entre si. A operação está em sua
segunda fase e entre os documentos apreendidos e que estão sob análise está um
que relaciona valores - que podem ser de propinas a 70 prefeituras.
A todos os presos foi oferecido o acordo de delação
premiada. Segundo o apurado até agora, a Coaf fazia contato com lobistas que
combinavam com as prefeituras a fraude nos contratos da merenda. A polícia não
descarta pedir a prorrogação da prisão dos envolvidos, que inicialmente é de
cinco dias.
Mais investigados
Em visita ontem a Araraquara, o governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu as investigações. "Eles faziam o
estelionato. O produto que entregavam não era da agricultura familiar",
afirmou o governador, se referindo à Coaf.
Sobre a possibilidade de envolvido de agentes públicos
estaduais no caso, Alckmin disse que o episódio foi descoberto pelo governo.
"Isso foi descoberto pelo governo, pela polícia. E é rigor absoluto."
O tucano ainda afirmou que os citados já estão presos e responderão por isso.
A investigação aponta para o suposto envolvimento do atual
presidente da Alesp, deputado Fernando Capez (PSDB), do ex-chefe de gabinete da
Casa Civil do governo Alckmin Luiz Roberto dos Santos, o Moita, e de outros
parlamentares no esquema.
Do Estadão Conteúdo, via UOL
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