O ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de
Azevedo e o ex-executivo Flávio Barra afirmaram em delação premiada na Operação
Lava Jato que a empresa pagou propina em forma de doações legais para as
campanhas da presidente Dilma Rousseff em 2010 e 2014. As informações foram
publicadas pelo jornal "Folha de S. Paulo" nesta quinta-feira (7) e
confirmadas pelo Bom Dia Brasil.
De acordo com a reportagem, a propina vinha de obras
superfaturadas da Petrobras e do setor elétrico, e o esquema de pagamentos
ganhou maior escala a partir das obras da usina de Belo Monte. Entre as obras
listadas com pagamento de propina estão estádios da Copa do Mundo: o Maracanã,
no Rio, a Arena Amazônia, em Manaus, e o Mané Garrincha, em Brasília.
A "Folha" disse que a Andrade Gutierrez entregou
uma planilha em que detalha as doações
vinculadas à participação da empreiteira em contratos de obras públicas
O Bom Dia Brasil confirmou que as delações dos executivos da
Andrade Gutierrez vão indicar que a propina revestida de doação legal foi para
outras campanhas do PT e também do PMDB nos anos de 2010, 2012 e 2014.
Consta nos depoimentos, segundo a reportagem, que a obra da
usina de Belo Monte, da qual a Andrade fez parte, envolveu pagamento de propina
para os dois partidos. Ainda de acordo com o jornal, a negociação para
estruturar o esquema teve participação dos ex-ministros Antonio Palocci e Erenice Guerra.
A delação ainda não foi homologada pelo Supremo Tribunal
Federal. A expectativa é que a homologação saia nos próximos dias.
O coordenador jurídico da campanha de Dilma em 2014, Flávio
Caetano, afirmou em nota que toda a arrecadação obedeceu as regras vigentes.
Veja a íntegra da nota no fim desta reportagem.
"Jamais a campanha impôs exigências ou fixou
valores", afirmou caetano. Segundo ele, a Andrade Gutierrez "fez
doações legais e voluntárias para a campanha de 2014 em valores inferiores à
quantia doada ao candidato adversário".
"Em nenhum momento, nos diálogos mantidos com o
tesoureiro da campanha sobre doações eleitorais, o representante da Andrade
Gutierrez mencionou obras ou contratos da referida empresa com o governo
federal", escreveu o coordenador jurídico da campanha.
A assessoria do Partido dos Trabalhadores disse, em nota,
que "refuta as ilações apresentadas. Todas as doações que o PT recebeu
foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente
declaradas à Justiça Eleitoral."
A assessoria do PMDB disse que o partido não recebeu nenhum
tipo de doação irregular. "Tudo está declarado ao Tribunal Superior
Eleitoral como manda a legislação".
Ao Bom Dia Brasil, a defesa do ex-ministro Antonio Palocci
negou que ele tenha participado de negociações em torno da construção de Belo
Monte e que tenha atuado na captação de doações para a campanha de Dilma em
2010.
A defesa também manifestou estranheza com o fato de que o suposto
pedido de doação para 2010 esteja relacionado ao consórcio, contratado apenas
em fevereiro 2011 e cuja obra só começou no segundo semestre daquele ano.
A Andrade Gutierrez afirmou que não vai comentar. O Bom Dia Brasil procurou a
assessoria da ex-ministra Erenice Guerra, mas não havia conseguido contato até
a última atualização desta reportagem.
Íntegra da nota da coordenação jurídica da campanha de Dilma
em 2014:
"NOTA À IMPRENSA
Toda a arrecadação da campanha da Presidenta de 2014 foi
feita de acordo com a legislação eleitoral em vigor. Jamais a campanha impôs
exigências ou fixou valores. Aliás, a empresa fez doações legais e voluntárias
para a campanha de 2014 em valores inferiores à quantia doada ao candidato
adversário.
Em nenhum momento, nos diálogos mantidos com o tesoureiro da
campanha sobre doações eleitorais, o representante da Andrade Gutierrez
mencionou obras ou contratos da referida empresa com o governo federal.
É lamentável que o instrumento da delação premiada seja,
mais uma vez, utilizado politicamente por meio de vazamentos seletivos. A
afirmação em tela é inverídica e serve apenas, na atual conjuntura, para
alimentar argumentos daqueles que querem instaurar um golpe contra um mandato
legitimamente eleito pelo povo brasileiro.
Flavio Caetano, coordenador jurídico da campanha de
2014."
Do G1, em Brasília
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