O fim do sigilo de sua delação trouxe à luz a “Lista de
Sérgio Machado”. Outras estão por vir, como a da Odebrecht e a da OAS. Machado
é quem provocou mais barulho até agora, seja pelos métodos a que recorreu, seja
pelo alcance multipartidário de suas acusações.
Machado disse aos procuradores ter repassado propina a pelos
menos 20 políticos de diferentes partidos: PMDB, PT, PP, DEM, PSDB e PSB.
Apenas o PMDB, legenda que o levou ao cargo de presidente da subsidiária da Petrobras,
teria recebido R$ 100 milhões de reais.
Segundo disse, os políticos o procuravam pedindo doações e,
em seguida, ele solicitava os repasses às empreiteiras que tinham contratos com
a Transpetro. Entre essas empresas, estão a Camargo Corrêa, a Galvão Engenharia
e a Queiroz Galvão, já investigadas pela Operação Lava-Jato. No acordo, Machado
acertou a devolução de R$ 75 milhões aos cofres públicos. Uma parte ficará com
a União, e a outra, com a Petrobras. Ele poderá ser condenado a até 20 anos de
prisão. Como fez acordo de delação, a pena será certamente reduzida e não
cumprida em regime fechado.
Integram a lista de Sérgio Machado:
– Renan Calheiros (PMDB-AL)
– Romero Jucá (PMDB-RR)
– José Sarney (PMDB-AP)
– Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN)
– Garibaldi Alves (PMDB-RN)
– Walter Alves (PMDB-RN)
– Valdir Raupp (PMDB-RO)
– Edson Lobão (PMDB-MA)
– Gabriel
Chalita (PMDB-SP)/Michel Temer (PMDB-SP)
– Cândido Vaccarezza (PT-SP)
– Luiz Sérgio (PT-RJ)
– Edson Santos (PT-RJ)
– Ideli Salvatti (PT-SC)
– Jorge Bittar (PT-RJ)
– Jandira Feghali (PCdoB-RJ)
– Francisco Dornelles (PP-RJ)
– Heráclito Fortes (PSB-PI)
– Sérgio Guerra (PSDB-PE, morto em 2014)
– Aécio Neves (PSDB-MG)
– José Agripino Maia (DEM-RN)
– Felipe Maia (DEM-RN)
Renan, Jucá e Sarney
Na delação, Machado afirmou que o presidente do Senado,
Renan Calheiros, e o senador Romero Jucá receberam mesada durante anos do
esquema de corrupção da Petrobras. Segundo o ex-presidente da Transpetro, os
repasses para Renan começaram entre 2004 e 2005, após o senador procura-lo
pedindo ajuda.
Machado conta que eram feitos repasses mensais a Renan no
valor de R$ 300 mil , durante dez ou 11 meses a cada ano. Em cerca de dez anos,
o peemedebista teria recebido algo em torno de R$ 32 milhões em propina, entre
dinheiro em espécie e doações oficiais. Já Jucá recebia um pouco menos que
Renan: R$ 200 mil. O total de vantagem indevida recebida pelo senador seria de
R$ 21 milhões de reais — R$ 4,2 milhões desse total em doações oficiais da
Camargo Corrêa, Galvão Engenharia e Queiroz Galvão, entre 2010 e 2014.
Quanto a Sarney, Machado afirma que o primeiro repasse se
deu em 2006: R$ 500 mil. A propina passou a ser anual a partir de 2008. No fim,
ele teria recebido R$ 18,5 milhões desviados dos contratos.
O trio, claro!, nega que isso tenha acontecido. O problema é
que ninguém acredita. Numa delação premiada, afinal, a palavra de um bandido
costuma ser levada em conta. Mas é preciso buscar as provas.
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