Editorial O Estado de S.Paulo
Os atos de vandalismo, travestidos de manifestações,
promovidos em várias capitais, com destaque para Brasília e São Paulo, contra a
aprovação da emenda constitucional que estabelece limite aos gastos da União
nos próximos 20 anos, a PEC do Teto, dão uma medida da irresponsabilidade dos
que levaram o País a uma das piores crises de sua História e ainda querem,
agora, criar todas as dificuldades para a adoção das medidas que se impõem para
consertar o estrago monumental que fizeram. Tudo isso misturado ao ódio e ao
ressentimento cultivados pelo PT e seus apêndices, os chamados movimentos
sociais, nos anos em que estiveram no poder.
De Norte a Sul, do Acre ao Rio Grande do Sul, em 14
capitais, aquilo a que se assistiu na terça-feira passada, tão logo o Senado
concluiu a aprovação da matéria, não foi uma manifestação legítima de protesto.
Foi um festival de violência de quem, por seu espírito autoritário, se julga
dono da verdade e vê no outro um inimigo a abater, não um adversário com o qual
deve conviver. Mesmo que para isso – frustrado por perder o poder, seus
privilégios e suas “boquinhas” – tenha de apelar para o quanto pior, melhor.
Em Brasília, 5 mil baderneiros – na estimativa da Polícia
Militar – atacaram pontos de ônibus e destruíram vários carros. Só dentro de
uma concessionária invadida e depredada, foram 16 deles. A polícia, que teve de
usar bombas de efeito moral para, a muito custo, dispersar os baderneiros, foi
por eles atacada com pedras e bolas de gude. Mais de 70 deles foram detidos e 5
policiais ficaram feridos.
Cenas semelhantes se repetiram em outras cidades, como no
Recife, onde pneus foram incendiados e uma importante via bloqueada. Em São
Paulo, onde eles são especialmente bem organizados e treinados, os baderneiros
se reuniram na Avenida Paulista, onde o alvo principal de sua fúria foi a
Federação das Indústrias (Fiesp). Sua sede foi invadida e depredada. Lá dentro
foram soltados rojões. As impressionantes cenas do vandalismo, transmitidas
pela TV, não deixam dúvida de que só por sorte se evitou uma tragédia.
Em nota, a Fiesp afirma que os “vândalos portavam bandeiras
do PT e da CUT” e que a ação colocou em risco seus funcionários e os do Sesi e
do Senai que saíam do local, além de frequentadores do Centro Cultural Fiesp,
que oferece exposições e espetáculos teatrais gratuitos.
A reação do coordenador nacional do Movimento dos
Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o notório Guilherme Boulos, mostra absoluta
insensibilidade e indiferença aos riscos aos quais sua tropa de choque expôs a
população: “A Fiesp representa o que não presta no Brasil. O dano da fachada da
Fiesp é muito pouco perto do dano que ela está causando há muito tempo ao povo
do Brasil”. Ou seja, pode destruir tudo – ali e nos outros locais atacados
Brasil afora – mesmo que isso coloque muitas vidas em risco.
Já sabendo que a população tem razões de sobra de ver seu
dedo – para dizer o mínimo – na baderna, o PT soltou uma nota a respeito, que é
um primor de desfaçatez e cinismo, na qual afirma que “não teve qualquer
participação nos eventos atribuídos a militantes de nosso partido na sede da
Fiesp em São Paulo. Mais uma vez os que sempre atacam o PT querem de novo que
paguemos o pato”.
Não admira que o PT – que colocou o Brasil no buraco e agora
aponta o dedo acusador para os que querem tirá-lo de lá – inverta mais uma vez
a situação. Quem tem que “pagar o pato” pela violência dos “manifestantes” é
ele, sim. Foi o PT que dividiu o País entre “nós” e “eles” e insuflou a
violência por meio do “exército do Stédile” (MST) e depois também pelo de
Boulos (MTST) e de tantos outros movimentos ditos sociais (foram 30 os que
participaram do vandalismo de terça-feira).
O País está colhendo, e não é de hoje, a tempestade
provocada pelos ventos que o PT soprou e continua a soprar, apesar do que diz
sua nota malandra. Por trás da baderna e de Boulos está, sim, o PT.
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