quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

SERVIÇO DE UBER

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), usou um helicóptero do Estado para buscar o filho após uma festa de Réveillon em Escarpas do Lago, região Sul. Em vídeo divulgado em redes sociais, o petista aparece cumprimentando amigos do filho antes de conduzi-lo para a aeronave.
Pimentel afirmou em sua página oficial no Facebook que o uso da aeronave é legal. Ele disse que foi para Escarpas do Lago passar o dia com o filho. Mas no trajeto, foi informado de que ele não passava bem, motivo pelo qual apenas o buscou para retornar a Belo Horizonte.
"Neste domingo, dia 1º, fui a Escarpas do Lago, pela manhã, de helicóptero, com a intenção de ficar o dia lá, com meu filho, que passara o Réveillon na casa de amigos. Ainda no voo de ida, ele comunicou-se comigo, dizendo que não se sentia bem, e perguntava se não me incomodaria voltar mais cedo com ele para BH, em vez de almoçar lá. Obviamente, eu concordei e voltamos juntos, logo após o pouso, ainda pela manhã", afirmou ele.
O autor do vídeo, não identificado, relata que o filho estava "agarrado na cachaça", "passou a noite na gandaia", sugerindo que estivesse de ressaca após a festa de Réveillon.
Escarpas do Lago fica à beira de um reservatório de Furnas, no município de Capitólio (MG). É uma área com casas de luxo, nas quais algumas contam com heliponto no quintal. O local é conhecido por grandes festas de jovens que ocorrem dentro de lanchas no lago.
O aluguel de um helicóptero para um voo bate-volta, como o feito por Pimentel, custaria entre R$ 4.800 e R$ 7.000, de acordo com cotação feita pela reportagem com empresas de táxi-aéreo de Belo Horizonte.
Nota da Superintendência de Imprensa do governo de Minas Gerais afirma que decreto estadual de 2005 prevê que o governador utilize helicópteros oficiais "em deslocamentos de qualquer natureza".
Para Pimentel, o decreto faz com que o voo não seja "nenhuma novidade, nada ilegal ou irregular". "O deslocamento do governador em aeronave está previsto em lei, e o uso é regulado por decreto de 2005. Nenhum desses dispositivos foi infringido no mencionado voo", disse ele.
"Os ataques fazem parte dessa campanha insidiosa, de um pequeno setor da oposição, que conhece perfeitamente a lei e o decreto de que falei, e que, a todo o tempo, tenta atrapalhar e prejudicar o Estado, em vez de ajudar a unir os mineiros no enfrentamento da crise", afirmou.
O governador declarou que vai processar o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), que o criticou nas redes sociais, por "calúnia, difamação e falsa acusação de crime".
CALAMIDADE
Pimentel decretou no início de dezembro calamidade financeira no Estado, que foi aprovado pela Assembleia Legislativa, e anunciou o parcelamento do 13º salário dos servidores públicos estaduais.
No decreto de calamidade, o governador Fernando Pimentel (PT) afirma que a situação das contas do Estado coloca em risco a capacidade do governo de manter serviços essenciais e de pagar despesas com pessoal.
O governador atribui a situação de emergência no Estado à crise econômica internacional e nacional.
Segundo Pimentel, ambas provocaram a queda do PIB (Produto Interno Bruto) e causaram a retração da atividade de vários setores, como o mercado internacional de commodities agrícolas e metálicas, o que diminuiu a receita do Estado.
Pimentel também cita como causas para a crise no Estado o crescimento das despesas de pessoal nos últimos dez anos e desequilíbrios em contratos gerados pela dívida junto à União.
Minas Gerais foi o terceiro Estado a decretar calamidade, medida também adotada por Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
OUTROS CASOS
Além de Pimentel, outros governadores já causaram polêmica pelo uso de aeronaves em deslocamentos de caráter particular.
Durante o governo de Aécio Neves (PSDB) em Minas Gerais (2003-2010), houve 198 voos bancados pelo governo sem a presença do tucano ou de agentes públicos autorizados a usar as aeronaves.
Nesses voos, feitos a pedido de Aécio, viajaram políticos, celebridades e empresários. Segundo a assessoria do tucano, "os voos foram regulares, dentro das normas legais e atenderam a interesses da administração do Estado".
Em 2013, o Ministério Público do Rio chegou a investigar o uso de helicópteros do Estado pelo ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).
Cabral usou as aeronaves para ir à sua casa em Mangaratiba. Babás, filhos, amigos e até o cachorro da família também foram transportados em helicópteros oficiais.
Após a divulgação dos fatos, Cabral afirmou que deixaria de usar as aeronaves para seu deslocamento diário de casa para o Palácio Guanabara, sede do governo.
Contudo, defendeu o uso dos helicópteros para ir a Mangaratiba, por questões de segurança, tese aceita pelo Ministério Público, que arquivou a investigação.
Em 2015, José Ivo Sartori (PMDB), governador do Rio Grande do Sul, alugou por R$ 13 mil um helicóptero para ir de um compromisso oficial em Tapes a Xangri-lá, onde participou da festa de aniversário de um vereador.
Segundo o governo, não havia aeronave oficial disponível e a viagem foi feita de helicóptero e não de carro por ser "mais rápido". 
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