O prefeito de Sobral, Ivo Gomes, e o ex-secretário do
Trabalho e Desenvolvimento Econômico, Marcos Villas-Bôas, tiveram uma áspera
discussão no Paço Municipal. Aos berros, sem estilo, Ivo exigia que suas ordens
fossem cumpridas. Marcos se recusava e alegava que não seria preso porque o
Ministério Público do Ceará investiga uma máfia de doação de terrenos em Sobral
desde 2001, envolvendo as administrações de Cid Gomes, Leônidas Cristino, Veveu
Arruda e a atual, do próprio Ivo, com menos dois meses.
O motivo da briga acirrada entre os dois amigos - no seu
secretariado Ivo só tinha dois confidentes, o próprio Marcos Villas-Bôas e o
chefe de gabinete David Duarte - causou espanto em todos. Os conflitos eram
normais entre eles, mas o da semana passada superara os limites e não houve
jeito: Marcos pediu demissão e Ivo aceitou.
Ivo convocou o ainda secretário Marcos Villas-Bôas para
resolver e doar um terreno para o filho da eterna secretária do ex-deputado
federal Padre Zé Linhares, Sérgio Neves, conhecido na cidade como Sérgio Para
Velha. Marcos explicou a Ivo que Sérgio não tinha direito ao terreno. Ivo
retrucou: “Ele ganhou um na gestão do Veveu”. Com firmeza, porém
respeitosamente, Marcos esclareceu que a irmã de Sérgio, a ex-secretária de
Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente, Juraci Neves, havia dado uma
canetada e tomado um terreno do empresário Ali Torquato. Inconformado com a
manobra, Ali foi à Justiça e retomou.
Ivo berrou
Após narrar esse episódio, o prefeito Ivo determinou:
“Então, vamos dar outro terreno”. O secretário Marcos Villas-Bôas se recusou.
Alegou que ele não tinha projeto nenhum e era politicagem pura, e que se o caso
fosse adiante acabaria por enlamear a sua imagem e a da administração do Ivo.
Essa recusa revoltou Ivo, que alterou o tom de voz e passou a berrar. Disse que
mandava naquela... e que cumprisse o que ele queria ou pedisse demissão. A
segunda alternativa foi adotada.
Marcos Villas Boas também pediu demissão da Faculdade
Luciano Feijão, onde era professor de Direito. Contudo, após postar sua
indignação e anunciar sua saída do cargo, os Ferreira Gomes trataram de abafar
o escândalo. Hoje, pela manhã, Marcos estaria convencido a continuar em Sobral
por mais um tempo, dando aulas na Luciani Feijão, prestar outras consultorias e
esquecer os Diários da Carta Capital.
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