O
ministro da Indústria e Comércio, Marcos Pereira (PRB), além de mais
quatro senadores e cinco deputados tiveram pedido de inquérito
apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao
Supremo Tribunal Federal, em razão da delação premiada da empreiteira
Odebrecht.
Os
senadores são Lindbergh Farias (PT-RJ), Jorge Viana (PT-AC), Marta
Suplicy (PMDB-SP) e Lídice da Mata (PSB-BA). Já os deputados são Marco
Maia (PT-RS), Andrés Sanchez (PT-SP), Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), José
Carlos Aleluia (DEM-BA) e Paes Landim (PTB-PI).
Os nomes, que estão em sigilo, foram revelados pelo "Jornal Nacional" e posteriormente confirmados pela Folha.
Além
disso, sete nomes sem foro no Supremo são mencionados nos pedidos para
que seus casos sejam enviados a instâncias inferiores: o ex-ministro
Geddel Vieira Lima (PMDB), o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB), o
ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB), o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte
Nogueira (PSDB), o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), o prefeito de
Araraquara, Edinho Silva (PT) e Anderson Dornelles, ex-assessor da
ex-presidente Dilma Rousseff.
Há ainda menção a pelo menos dez governadores, segundo a Folha apurou.
Nesses casos, Janot pediu ao STF que envie as delações ao Superior Tribunal de Justiça, onde eles têm foro.
Entre
eles, estão Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ),
Fernando Pimentel (PT-MG), Tião Viana (PT-AC), Beto Richa (PSDB-PR) e
Renan Filho (PMDB-AL).
O
pedido, no caso dos governadores, foi feito por Janot ao ministro Edson
Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal
Federal).
Se
Fachin acatar o pedido, a procuradoria pode então pedir ao STJ a
abertura de inquérito, algo que ainda não foi decidido por Janot.
LENTO PROCESSO
LENTO PROCESSO
Os pedidos de inquérito e envio de casos a outras instâncias são apenas as etapas iniciais do que promete ser um longo processo.
Caso
os inquéritos sejam autorizados, começa então a fase de investigação
sobre menções de pagamento de caixa dois e propina pela Odebrecht.
Após
essa fase, se a PGR concluir que há indícios suficientes, é oferecida a
denúncia, que pode ou não ser aceita pelo Supremo ou pela instância
correspondente.
Aceita a denúncia, o citado vira réu e começa o julgamento.
A
comparação com a primeira lista de Janot, divulgada há dois anos,
ilustra a complexidade do processo. Na época, 50 políticos foram alvos
de pedido de inquérito, mas até agora apenas seis se tornaram réus.
sigilo
O
escopo completo da delação da Odebrecht, maior empresa implicada na
Lava Jato, bem como a lista de pessoas investigadas, só será conhecido
caso Fachin decida divulgar o material, o que não tem data para ocorrer.
Até agora, sabe-se que a lista de Janot atingiu o Palácio do Planalto e a cúpula do Poder Legislativo.
Além
de Pereira, ao menos cinco ministros sofreram pedidos de inquérito:
Eliseu Padilha (Casa Civil), Moreira Franco (Secretaria-Geral da
Presidência), Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), Bruno Araújo
(Cidades) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores).
Estão
na lista também os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), além dos senadores Renan Calheiros
(PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Edison Lobão (PMDB-MA), José Serra
(PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG).
Os
ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que
não têm foro privilegiado, devem ter seus casos enviados para a
primeira instância.
Nos pedidos de abertura de inquérito, Janot busca diferenciar as práticas de doação eleitoral.
Ele
tenta separar uma espécie de caixa dois "puro", sem contrapartida
ilícita, dos caixas um ou dois vinculados a uma vantagem indevida.
Para
o primeiro caso, a acusação se daria com base no código eleitoral, com
punições mais brandas, como defendem os políticos que são mencionados
neste contexto.
Nas
doações ligadas a pagamento de propina seria aplicado o Código Penal,
com acusação por corrupção passiva, com penas de reclusão maiores.
Caberá
à equipe de Janot e à Polícia Federal investigar nos eventuais
inquéritos abertos os motivo dos repasses informados pelos delatores e
buscar provar o motivo pelo qual o dinheiro foi entregue.
Viraram réus
Investigado Quando virou réu
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) 2.mar.2016
Nelson Meurer (PP-PR) 21.jun.2016
Gleisi Hoffmann (PT-PR) 27.set.2016
Aníbal Gomes (PMDB-CE) 6.dez.2016
Valdir Raupp (PMDB-RO) 7.mar.2017
Vander Loubet (PT-MS) 14.mar.2017
OUTRO LADO
Procurada,
a assessoria de Geraldo Alckmin disse que como a Justiça não deu, até o
momento, publicidade aos atos da PGR, "o governador Geraldo Alckmin não
tem elementos sobre os quais se manifestar", informou.
Também
em nota, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, disse que
"desconhece a informação" e citou outros inquéritos contra ele que
foram arquivados. Pezão ainda afirma que "está, como sempre esteve, à
disposição da Justiça".
O governador de Minas, Fernando Pimentel, disse que não irá se posicionar sobre informações não oficiais.
Edinho
Silva afirmou que sua conduta como coordenador financeiro da campanha
de Dilma em 2014 "se deu dentro da legalidade e de forma ética" e que
"irá esclarecer todos os fatos".
O
ex-ministro Geddel Vieira Lima afirmou que não irá falar "sobre o que
não conheço". Seu irmão, Lúcio Vieira Lima, não quis comentar.
Anderson
Dornelles, braço direito de Dilma, disse que nunca esteve na sede da
Odebrecht nem solicitou ajuda financeira. Lindbergh Farias disse que o
arquivamento é "o único desfecho possível para esse processo".
Paes
Landim, José Carlos Aleluia, Paulo Skaf e Marcos Pereira disseram que
suas doações de campanhas foram legais e estão declaradas.
Andrés Sanchez nega citação feita sobre ele por delator.
Os outros citados não foram encontrados pela reportagem.
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