Enquanto durou a campanha para prefeito do Rio de Janeiro,
Marcelo Crivella disse e repetiu à exaustão que, uma vez eleito, saberia
distinguir o religioso que é, pastor da Igreja Universal, do administrador que
passaria a ser. Como o Estado é laico, ele não confundiria religião com
política.
Na primeira grande ocasião que teve, confundiu. De longe, o
carnaval é o maior evento do calendário da cidade. Não só atrai milhares de
turistas, mas repercute no mundo inteiro. É o que faz do Rio a cidade
brasileira mais conhecida do planeta. Crivella sumiu enquanto durou o carnaval.
A nota oficial que distribuiu ontem é um primor de
demagogia. Nela, Crivella disse que faltou ao desfile das escolas de samba
porque no caso dele “seria demagogia”. Não explicou por que no seu caso seria
demagogia. Seria por que ele é religioso? Mas, ora, e o que havia dito na
campanha?
Para variar, ao estilo de Trump, aproveitou a comemoração do
aniversário do Rio no monumento a Estácio de Sá, no Aterro do Flamengo, para
criticar a imprensa:
- Nós temos que respeitar as pessoas. Ninguém pode ser
obrigado a fazer nada. Esse assunto já está superado. A agenda do prefeito deve
ser cumprida, o que não necessariamente é a agenda da imprensa.
Não faz parte da agenda de um prefeito estar presente ao
maior espetáculo que sua cidade oferece todos os anos?
O respeito a diversas religiões foi uma das marcas do
desfile, este ano, da Mangueira, que homenageou Nossa Senhora Aparecida,
Iemanjá e São Jorge. Portela, a campeã, falou de lendas e religiões. A Unidos
de Vila Maria, em São Paulo, lembrou os 300 anos da aparição da imagem da
padroeira do Brasil.
Se, em breve, alguma escola do Rio decidir exaltar os
evangélicos, o pastor Crivella dará o ar de sua graça na Sapucaí?
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