Bernardo Mello Franco, Folha de S.Paulo
BRASÍLIA - Uma investigação aberta a pedido do PSDB virou
motivo de dor de cabeça para o PSDB. O partido terminou a semana na mira do
processo que ele mesmo moveu para tentar cassar a chapa Dilma-Temer, que o
derrotou em 2014.
Na quinta (2), o delator Benedicto Junior disse ao TSE que a
Odebrecht repassou R$ 9 milhões em caixa dois aos tucanos. Segundo o executivo,
a dinheirama foi entregue ao marqueteiro de Aécio Neves e a três protegidos
dele: Antonio Anastasia, Pimenta da Veiga e Dimas Fabiano.
Na véspera, Marcelo Odebrecht fez outra revelação embaraçosa
para o PSDB. Ele disse que Aécio o procurou pessoalmente para pedir um socorro
de R$ 15 milhões. A abordagem ocorreu quando o senador corria risco de ficar
fora do segundo turno.
Ao se ver atingido por um tiro que disparou, o partido
apelou à esperteza. Alegou que não é alvo do processo e pediu ao ministro
Herman Benjamin que suprima as citações que o comprometem. Pode ser que cole,
mas as acusações voltarão à tona assim que o Supremo retirar o sigilo das 77
delações da Odebrecht.
O avanço da Lava Jato está deixando claro que o PT não foi o
único partido a se lambuzar na farra das empreiteiras, para usar a célebre
expressão do ex-ministro Jaques Wagner. Siglas que não foram convidadas para o
petrolão encontraram outros meios para fazer negócios, como o controle de
máquinas estaduais.
Dois executivos da Odebrecht já ligaram Aécio, o
"Mineirinho", a fraudes na construção da Cidade Administrativa de
Minas. Os tucanos paulistas José Serra e Geraldo Alckmin, que se revezam no
governo de São Paulo há 16 anos, também ganharam apelidos na planilha da
empreiteira.
Na sexta (3), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
defendeu Aécio e disse que palavra de delator não é prova. É verdade, mas
poucos tucanos se lembraram disso quando viram os rivais na fogueira. Na nota,
FHC também reclamou da imprensa. Nada como um dia após o outro.
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