Do O GLOBO
BRASÍLIA — A Secretaria de Segurança Pública do governo do
Distrito Federal informou que foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM)
para apurar as circunstâncias em que dois policiais militares aparecem atirando
contra os manifestantes, durante protesto realizada nesta quarta-feira em Brasília.
A ação dos policiais foi revelada em um vídeo publicado pelo GLOBO. A atitude
foi considerada "errada e inadmissível" pelas autoridades.
De acordo com a secretaria, o Corpo de Bombeiros realizou 49
atendimentos no local, sendo que quatro pessoas foram liberados no local e as
demais foram encaminhados aos hospitais. Ainda segundo o órgão, 45 mil pessoas
participaram do atom, dez mil além do número divulgado inicialmente.
Entre os motivos dos
atendimentos às vítimas estão mal estar; ferimentos, como cortes nas mãos e no
pescoço; queda por trauma na coluna e perfuração por arma de fogo. Do total de
feridos, segundo o balanço, oito são policiais militares.
Segundo o balanço, a Polícia Civil instaurou 12
procedimentos, sendo que oito manifestantes foram conduzidos ao Departamento de
Polícia Especializada. Destes, três foram presos. Entre os motivos estão porte
de substância entorpecente, porte de arma branca, pichação, lesão corporal e
desacato.
Durante o protesto, foram registrados três incêndios nos
Ministérios da Agricultura, da Integração Nacional e em banheiros químicos.
Houve também depredações em oito ministérios e na Catedral.
AO MENOS SETE TIROS DISPARADOS
O incidente na Esplanada dos Ministérios aconteceu entre os
prédios dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Social, quando um
grupo tentava se aproximar de um dos edifícios. Os manifestantes ainda estavam
distantes da entrada do prédio, fechada por tapumes, quando alguns policiais
começaram a sacar armas de fogo. Jornalistas que estavam próximos estranharam o
movimento e se prepararam para registrar as imagens. Foi quando os primeiros
disparos, não registrados em vídeo, foram efetuados na direção do chão.
No vídeo, um grupo de policiais aparece alinhado ao fundo
quando o primeiro deles sai correndo em direção à manifestação, disparando
alguns tiros para cima e depois na direção às pessoas que se aproximavam. Os
manifestantes recuam em direção ao gramado central da Esplanada e os PMs
avançam. Nas imagens feitas pelo GLOBO é possível ver ainda que os
manifestantes atiram objetos na direção do grupo de policiais. Um policial
improvisou um escudo com um pedaço de tapume.
Após os primeiros disparos — cinco no total —, em meio a
policiais atônitos, um outro PM sai sozinho na direção dos manifestantes com a
arma em punho. É possível ver o momento em que ele efetua disparos. Ele já não
mira para o alto. A arma está apontada na direção da multidão.
Esse segundo policial que dispara dois tiros aparece sem
coletes à prova de balas e grita com os colegas da corporação.
— Bora recuar, bora recuar — diz o policial, após dar os
disparos.
Minutos após o registro dos disparos, manifestantes
começaram a gritar do gramado que os tiros tinham atingido alguém. Um vídeo
feito também pelo GLOBO mostra um manifestante ensanguentado deitado no chão do
gramado, cercado de pessoas que pedem ajuda. Enquanto uns tentam conter o
sangue, outros pedem socorro. É possível ouvir a voz de uma mulher pedindo para
que se ligue para o serviço do Samu.
A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde confirmou
que um homem foi atingido por um tiro de arma de fogo durante a manifestação.
Não se sabe, porém, de onde partiu o disparo. A vítima foi levada para o
Hospital de Base do Distrito Federal, a maior unidade de saúde pública da
cidade, onde foi submetido a uma cirurgia. O governo não divulgou o estado de
saúde dele.
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