"Joesley Batista" e "Wesley Batista" não
eram nomes tão conhecidos no Brasil. Nas últimas 24 horas, no entanto, muito
provavelmente só perderam para "Michel Temer" e "Aécio
Neves" em termos de popularidade no País. Autores da delação mais
bombástica da Operação Lava Jato, os donos do frigorífico JBS cavaram um espaço
na história ao revelar detalhes do esquema de corrupção mais impressionante da
América do Sul.
Engana-se, contudo, quem pensa que esta é uma situação
inédita na história do Brasil. Nos últimos anos, os grandes casos de corrupção
do País só vieram à tona graças a revelações de figuras nem sempre tão
conhecidas do grande público.
O delator abre a boca, a verdade aparece, e o curso da vida
política nacional se altera de forma inevitável, quase que irreversível.
Não se lembra de outros casos? Então veja a lista abaixo,
preparada pelo Jovem Pan Online.
Pedro Collor
Morto há 23 anos vítima de câncer, Pedro Affonso Collor de
Mello era irmão de Fernando Affonso Collor de Mello, presidente da República
entre 1990 e 1992. Foi Pedro, então comandante das empresas da família Collor
em Alagoas, quem denunciou o esquema de corrupção que derrubou o presidente em
1992.
A denúncia de Pedro foi publicada na edição de 27 de maio de
1992 da Revista Veja. Em entrevista exclusiva ao jornalista Luís Costa Pinto, o
irmão mais novo de Fernando revelou detalhes de um esquema de lavagem de
dinheiro no exterior que envolvia o presidente e o tesoureiro Paulo Cesar
Farias.
Chocante, o conteúdo da entrevista motivou forte comoção
popular e resultou no impeachment de Collor, em dezembro de 1992 - apesar de
ter perdido o cargo, Fernando foi absolvido pelo STF em 2014, por falta de
provas.
Não se sabe exatamente o que motivou a denúncia de Pedro.
Uma das versões diz que o principal alvo do ataque, na verdade, era PC Farias,
sócio oculto de Fernando que estaria à frente de um projeto jornalístico que
concorreria com os negócios de Pedro em Alagoas. A outra, por sua vez, afirma
que o irmão mais novo agiu por ciúme de uma suposta relação de Fernando com
Thereza, sua mulher.
Roberto Jefferson
Presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, 63, foi o
delator do esquema de corrupção conhecido como mensalão. Tudo aconteceu em
junho de 2005, durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.
Então deputado federal pelo Rio de Janeiro, Jefferson
denunciou a prática da compra de deputados federais pelo PT. A delação foi uma
espécie de retaliação do líder do PTB, que tivera o nome envolvido em um
escândalo de corrupção dos Correios.
O mensalão representou o início da derrocada do PT em âmbito
nacional. Lula se enfraqueceu com a denúncia de Roberto Jefferson, e outros
líderes do partido, como José Dirceu e José Genoíno, também perderam força
política com o caso – ambos foram condenados e presos.
Jefferson, por sua vez, foi cassado e condenado a mais de
dez anos de prisão em regime fechado – por ter sido o delator do esquema, o
ex-deputado teve a pena reduzida para sete anos em regime semiaberto, a qual já
foi perdoada pelo STF.
Alberto Youssef
O sucesso da Operação Lava Jato passa muito pelo nome do
doleiro de 49 anos. Preso em março de 2014, ele foi um dos primeiros alvos da
operação, que, à época, apurava a existência de uma quadrilha especializada em
lavagem de dinheiro.
A partir da delação de Youssef, em setembro de 2014, o leque
da Lava Jato se abriu. Os investigadores encontraram ligações da empresa Costa
Global, pertencente ao ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto da Costa, com os
atos de lavagem de dinheiro promovidos por Youssef, e chegaram aos políticos.
A delação de Youssef é tida como ponto-chave da Lava Jato. O
motivo? Foi graças a ela que os investigadores desvendaram o caminho usado por
políticos e empresários para lavar dinheiro no exterior – as consequências
deste caso estão em curso no País.
Ao assinar a delação premiada, Youssef ficou sujeito à pena
máxima de cinco anos em regime fechado. Em 2015, o acordo foi revisto, e o
doleiro ganhou o direito de ficar preso por três anos. Há menos de três meses,
no entanto, ele passou para regime aberto – mas com a obrigatoriedade de usar
uma tornozeleira eletrônica.
Joesley e Wesley Batista
Donos do frigorífico JBS, os irmãos Batista cavaram um
espaço na história do País ao fazer a delação mais bombástica da Lava Jato. O
presidente da República, Michel Temer (PMDB), e o senador Aécio Neves (PSDB)
foram os principais alvos das revelações.
De acordo com os empresários, Temer deu aval para a compra
do silêncio de Eduardo Cunha, enquanto Aécio pediu R$ 2 milhões para quitar as
despesas referentes à sua defesa na Operação Lava Jato.
A delação, revelada em primeira mão pelo jornal O Globo,
sacudiu os bastidores de Brasília. O STF autorizou a abertura de inquérito para
investigar Temer, que, por sua vez, teve de vir a público para anunciar que não
renunciaria ao cargo – mesmo não deixando a Presidência, ele agora se encontra
no centro de uma das maiores crises políticas da história do País.
Aécio, por outro lado, foi afastado do cargo de senador,
licenciou-se da presidência do PSDB e viu a sua irmã e primo serem presos pela
Polícia Federal.
Tudo graças à delação dos irmãos Batista - que, pelo acordo
assinado, não serão sequer denunciados criminalmente pelo Ministério Público
Federal.
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