sábado, 16 de setembro de 2017

DINHEIRO VIVO

O ex-ministro Antonio Palocci afirmou, em negociação de delação premiada, que fez entregas de dinheiro vivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em pelo menos cinco ocasiões.
O dinheiro teria sido entregue pessoalmente por Palocci a Lula, em pacotes de R$ 30 mil, R$ 40 mil ou R$ 50 mil.
A informação foi revelada pela revista "Veja" e confirmada pela Folha.
Palocci fez as declarações ao negociar um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. O relato sobre as entregas a Lula está nos anexos do acordo –uma espécie de sumário do que o delator irá contar, caso o acordo seja fechado. Não há prazo para o compromisso ser fechado nem certeza se a informação será mantida na versão final do acordo.
As quantias entregues a Lula eram destinadas a despesas pessoais do ex-presidente, segundo o relato do ex-ministro.
Valores mais elevados eram entregues no Instituto Lula, por meio do ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic –conforme ele já havia relatado em depoimento ao juiz Sergio Moro, na semana passada.
As propinas, segundo o ex-ministro, integravam a conta-corrente que o PT tinha com a empreiteira Odebrecht, expressa na planilha "Programa Especial Italiano", do setor de Operações Estruturadas da empresa.
"Italiano" é uma referência a Palocci.
OUTRO LADO
O ex-presidente Lula nega que tenha recebido quaisquer valores ilícitos durante ou depois de seu mandato.
Em nota, o advogado Cristiano Zanin Martins afirmou que "Palocci mente para obter benefícios judiciais, que envolvem não só a sua liberdade como o desbloqueio do seu patrimônio".
"Lula já teve suas contas e de parentes devassadas e jamais foram encontrados quaisquer valores ilícitos", declarou o defensor.
Em depoimento nesta quarta (13), Lula acusou Palocci de ser "frio, calculista e simulador" e de ter mentido ao juiz Moro.
GLEISI
Dirigentes do PT desafiaram, nesta sexta, o ex-ministro a apresentar provas contra o ex-presidente.
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que "Palocci está mentindo". "Qual é a prova que ele tem? Falar de Lula todo mundo está falando, todos delatores estão falando. Falar de Lula é o que quer o juízo de Curitiba. O ministro Antonio Palocci tem que apresentar provas", disse Gleisi, após audiência com moradores de rua.
O deputado federal Paulo Teixeira (SP) disse que "a regra de delação com o juiz Sérgio Moro é falar de Lula para obtenção de benefícios".
"Não acredito nisso. Cabe a Palocci apresentar provas do que diz".
Vice-presidente do PT, o ex-ministro Alexandre Padilha disse que Palocci mente. "Posso jurar: é mentira. Lula nunca se meteu com dinheiro vivo. Ele nunca se meteu com qualquer dinheiro. Nunca cuidou disso".
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