A Polícia Federal anexou a inquéritos da Lava Jato, na
última quinta-feira (21), recibos apresentados pelo empresário Marcelo
Odebrecht que indicam doações de R$ 4 milhões ao Instituto Lula. Os recibos
referem-se a quatro doações –cada uma de R$ 1 milhão. Também foi entregue uma
troca de e-mails entre Odebrecht e executivos da empresa, na qual falam desses
repasses. As informações foram antecipadas pelo jornal "O Estado de S.
Paulo".
As doações já haviam sido citadas pelo empresário ao juiz
Sergio Moro, no depoimento do dia 4 de setembro. Odebrecht afirmou que os
valores foram debitados da planilha "Italiano", que, segundo ele, era
uma espécie de conta de propina que mantinha com Antonio Palocci, ex-ministro
da Fazenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o empresário, os e-mails só foram entregues em
agosto deste ano porque não teriam sido encontrados na época em que fechou
acordo com as autoridades.
À Polícia Federal, Odebrecht afirmou que as cópias dos
recibos foram extraídas do computador de Fernando Migliaccio, executivo da
empresa, "juntamente com os impressos dos emails, que corrobora que os
valores foram efetivamente descontados da planilha italiano, senão não haveria
razão para estar de posse dele".
"Italiano disse que o Japonês vai lhe procurar para um
apoio formal ao inst de 4m (nao sabe se todo este ano, ou 2 este ano e 2 do
outro). Vai sair de um saldo que o amigo de meu pai ainda tem comigo de 14
(coordenar com HS no que tange ao Credito) mas com MP no que tange ao discurso
pois será formal", disse Odebrecht em um dos e-mails trocados com
executivos do grupo.
OUTRO LADO
Confira a íntegra da nota de Cristiano Zanin Martins,
advogado de Lula:
"Somente a tentativa de manter ou ampliar benefícios
que a Lava Jato concede a delatores justificam que o Sr. Marcelo Odebrecht,
após reconhecer a realização de doações oficiais e com impostos recolhidos ao
Instituto Lula, esteja, agora, querendo transformar essas mesmas doações em
atos ilícitos para envolver o ex-presidente Lula.
Em 04/09, o Sr. Marcelo prestou depoimento perante o juiz
Sérgio Moro e quando questionado pela defesa de Lula confirmou que "são
doações oficiais, com recibo e imposto recolhido".
Não bastasse, na cópia do Sistema Público de Escrituração
Digital - SPED – da Construtora Norberto Odebrecht S/A - ou seja, na
contabilidade oficial da companhia -, apresentada no processo nº
5063130-17.2016.4.04.7000/PR em 14/07/2017 pelo MPF, constam expressamente os
lançamentos relativos às doações realizadas em 16/12/2013, 31/01/2014,
05/03/2014 e 31/03/2014 ao Instituto Lula. Ou seja, esses documentos mostram,
de forma inequívoca, a origem lícita das doações (veja documentos anexados).
O Instituto Lula é entidade sem fins lucrativos, com
administração própria, e não se confunde com a pessoa do ex-presidente Lula.
Lula não praticou qualquer crime antes, durante ou após
exercer o cargo de Presidente da República".
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