Na primeira pesquisa do Datafolha após a intensificação de
sua articulação visando a candidatura presidencial do PSDB em 2018, o prefeito
de São Paulo, João Doria, despencou quase dez pontos percentuais na aprovação
de sua administração.
Segundo o levantamento, o tucano tem 32% de aprovação, 26%
de rejeição e 40% de avaliação regular entre os paulistanos. Há quatro meses,
Doria pontuava 41% de ótimo/bom, 22% de ruim/péssimo e 34% de regular.
Com margem de erro de três pontos para mais ou menos, entre
os 1.092 entrevistados de 4 a 5 de outubro, a curva é francamente desfavorável
ao prefeito: fora do empate técnico em todas as simulações.
Pela primeira vez, a avaliação regular supera a positiva
desde que sua gestão começou, em janeiro.
Desde a última pesquisa, Doria passou a percorrer o país em
reuniões e estreitou relações com siglas como o DEM, cuja parcela ligada ao
prefeito de Salvador, ACM Neto, vê o tucano como melhor candidato à Presidência
que o seu padrinho, o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Com efeito, acham que Doria será candidato a presidente 37%
dos paulistanos, contra 21% em junho. Mas 58% preferem que ele permaneça na
prefeitura, contra apenas 10% que o desejam ver disputando a Presidência ou
15%, o governo do Estado.
Apenas 18% dos ouvidos votariam com certeza no tucano para a
Presidência, enquanto 26% o fariam para o governo estadual. A maioria não
votaria nele de jeito nenhum para o Planalto (55%), e 24% talvez o apoiassem.
Para a disputa do Palácio do Bandeirantes, os índices caem
para 47% e 26%, respectivamente, sugerindo uma maior tolerância do eleitorado à
ideia que mais agrada ao grupo de Alckmin.
Mesmo entre quem votou no prefeito, 63% preferem ele na
cadeira, embora 44% acreditem que ele disputará a Presidência. Sua aprovação
nesse grupo sobe para 52%, e é seu eleitorado natural, mais rico e escolarizado,
aquele que mais deseja sua permanência.
Quando José Serra (PSDB) era prefeito e almejava o Planalto
em junho de 2005, 67% diziam que ele deveria ficar no cargo, mas 28%
acreditavam que ele sairia de qualquer forma. Ele por fim saiu, mas para o
Bandeirantes, que conquistou em 2006.
Criticado por suas viagens nacionais, Doria sustenta que sua
presença física é dispensável num mundo conectado e que São Paulo precisa ser
"global". A população não concorda, segundo o Datafolha. Para 49% dos
paulistanos, suas viagens pelo país trazem mais prejuízos do que benefícios à
cidade, enquanto 35% aprovam a iniciativa.
Já os que veem benefício pessoal ao tucano nas viagens são
77%, contra 14% que enxergam o contrário. De todo modo, metade dos paulistanos
acha que o prefeito viaja mais do que devia, enquanto 40% apontam que a
frequência é adequada, explicitando uma divisão de opiniões sobre o tema na
cidade.
PROBLEMAS DE GESTÃO
A resposta para a queda da avaliação de Doria, que de todo
modo não transpira um quadro tão ruim quanto o de vários de seus antecessores,
passa por problemas de gestão –justamente o ponto de venda do tucano em 2016,
quando elegeu-se no primeiro turno prometendo uma administração mais técnica e
menos política.
Um dos sintomas mais visíveis para a população é a questão
dos semáforos, que enfrentam apagões constantes devido a problemas relativos
aos editais para sua manutenção desde o começo do ano.
Para 50% do entrevistados, a rede é ruim ou péssima,
enquanto 32% a veem como regular e 18%, como boa ou ótima. Até agora, além dos
semáforos, Doria tem enfrentado também uma série de reclamações de mato alto em
praças e de buracos nas ruas.
A percepção negativa da gestão nos bairros permaneceu
estável, com 75% dos ouvidos dizendo que Doria fez menos que o esperado por sua
vizinhança. Esse índice estava em 74% em junho. Na cidade como um todo,
acreditam que o prefeito fez menos do que poderia 64%, contra 53% em junho e
39% após o seu primeiro mês no cargo.
Nem tudo é má notícia para o tucano, contudo. Comparando com
os governos Gilberto Kassab (2006-2012) e Fernando Haddad (2013-2016), as
queixas da população se diluíram um tanto.
A saúde, que foi alvo da ação mais bem sucedida de Doria até
aqui na forma do Corujão para erradicar filas de exames médicos pendentes da
gestão passada, ainda é a maior queixa da população –25% dos paulistanos a veem
assim.
Esse índice está estável em relação a aferição de abril,
tendo oscilado negativamente de 29% desde fevereiro.
Segundo a pesquisa Datafolha de agora, o maior acerto da
gestão Doria está na área de limpeza e coleta de lixo –alvo de sua ação Cidade
Linda, de zeladoria em pontos visíveis da cidade. Para 11% dos ouvidos, o
governo vai bem na área, contra 15% que achavam isso em abril.
As doações empresariais à cidade continuam sendo malvistas
pelos moradores. Para 46% dos paulistanos, elas não são transparentes (eram 45%
em junho). Já 9% as veem como transparentes.
O centro, alvo da ação contra a cracolândia encabeçada pela
prefeitura e governo do Estado, é a região da cidade em que o prefeito recebe
as melhores avaliações.
A pesquisa Datafolha ocorre também no momento em que o
prefeito consegue avançar na Câmara os principais pontos de seu programa de
concessões e privatizações.
Já foram aprovados e no aguardo da publicação dos editais as
concessões, por exemplo, de terminais de ônibus, Bilhete Único, parques e o
Mercadão, por exemplo. As privatizações de Anhembi e Interlagos ainda precisam
passar pela avaliação dos vereadores.
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