Como todos sabem, o PT segue a estratégia que, segundo os
seus, mais lhe favorece: manter a candidatura de Lula até a cassação de seu
registro pelo TSE para, até lá, acumular um bom estoque de votos e, em seguida,
tentar o salto sem rede de transferi-los para o candidato de fato, Fernando
Haddad.
Como o ex-presidente lidera as pesquisas de opinião com
larga vantagem sobre os concorrentes, a insistência com sua candidatura torna
precários todos os exercícios de projeção sobre os cenários mais prováveis.
Previsões eleitorais são atividade de risco e agora ainda mais, e não apenas
pelo fator Lula.
Há outro: a candidatura Alkmin. Malgrado o legado negativo
do apoio ao governo Temer, de impopularidade quase unânime (97%), a
desproporcional presença do candidato na propaganda eleitoral (42% do tempo
disponível) recomenda, ainda que o candidato não esteja bem situado nas
pesquisas, não tomá-lo como cachorro morto.
Outro fator que amplia a incerteza a uma semana do início da
campanha na televisão é o lento, porém constante crescimento de Bolsonaro nas
pesquisas, um candidato com tempo mínimo de propaganda, mas que construiu, na
dimensão paralela das redes sociais, uma ativa militância, espontânea e
dedicada.
A transferência de votos de Lula para Haddad, a influência
que a propaganda massiva terá sobre os índices de Alkmin e a resistência de
Bolsonaro às cinco semanas em que seus adversários terão larga exposição na
mídia é que dirão, ao fim dos primeiros dez dias de disputa, quais deles
seguirão e qual ficará pelo caminho.
*Ricardo Alcântara
Escritor e publicitário.
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