O deputado Rodrigo Maia atribuiu a proliferação de
candidaturas laranjas a uma resolução do TSE que tentou aumentar a participação
feminina na política. No ano passado, o tribunal decidiu que 30% das verbas do
fundo eleitoral deveriam ser reservadas para as mulheres. “Toda vez que o
Judiciário legisla, dá problema”, reclamou o presidente da Câmara.
Na quarta-feira, o senador Angelo Coronel apresentou um
projeto para acabar com a cota de candidaturas femininas, que também é de 30%.
“Mulheres têm sido compelidas a participar do processo eleitoral apenas para
assegurar o percentual exigido”, escreveu.
Investigado no escândalo do laranjal, o presidente do PSL,
Luciano Bivar, também criticou a cota feminina. “A política não é muito da
mulher”, disse o deputado à “Folha de S.Paulo”. “Se os homens preferem mais
política do que a mulher, tá certo. Paciência, é a vocação”, prosseguiu. Ele
acrescentou que “a vocação da mulher para bailarina é muito maior que a do
homem”.
O argumento não é propriamente novo. Na Constituinte de
1890, o deputado Pedro Américo disse que “a missão da mulher é mais doméstica
do que pública, mais moral do que política”. O senador Lauro Sodré emendou que
permitir o voto feminino seria uma medida “anárquica” e “desastrada”.
Hoje as mulheres são 52% do eleitorado, mas ainda ocupam
pouco espaço no Congresso. No ano passado, o Brasil amargou o 152º lugar num
ranking que mediu a participação feminina em 190 parlamentos. O dado mostra que
o país precisa de medidas para reduzir o desequilíbrio na representação
política.
O lançamento de laranjas resultou no desvio de dinheiro
público — seja para candidatos homens ou para o bolso de dirigentes
partidários. Reclamar do TSE e da cota feminina é atirar nos alvos errados.
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