Demitir não basta. Tem que fritar antes
Espera-se para hoje, no máximo amanhã, a carta de demissão de Joaquim Levy do cargo de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É só o que lhe resta fazer depois de ter sido humilhado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro com a ajuda do ministro Paulo Guedes, da Economia.
Espera-se para hoje, no máximo amanhã, a carta de demissão de Joaquim Levy do cargo de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). É só o que lhe resta fazer depois de ter sido humilhado publicamente pelo presidente Jair Bolsonaro com a ajuda do ministro Paulo Guedes, da Economia.
O motivo fantasia da demissão é este: Bolsonaro ficou furioso
ao saber por meio de um amigo que um antigo servidor do governo Lula, Marcos
Barbosa Pinto, fora nomeado diretor de Mercado de Capitais do banco. O motivo
real da demissão: Levy não atendeu a ordem de Bolsonaro para “abrir a caixa
preta” do BNDES.
Quando candidato, Bolsonaro garantiu que promoveria uma
devassa no banco para identificar as operações irregulares feitas ali durante
os quase 14 anos de governos do PT. Mandar embora petista era o mínimo que ele
queria. Esperava mostrar para o Brasil e o mundo a roubalheira de que fora
capaz um partido de esquerda.
Como nada disso aconteceu até agora, atirou na cabeça de
Barbosa Pinto para na verdade acertar na cabeça de Levy. Barbosa Pinto, um
economista de renome, que já foi sócio de Armínio Fraga, ex-presidente do Banco
Central nos governos de Fernando Henrique Cardoso, pediu demissão ontem mesmo.
Falta Levy pedir.
Como Barbosa Pinto, Levy serviu a governo do PT, no caso o
segundo da ex-presidente Dilma Rousseff como ministro da Fazenda. Nem por isso
o ministro da Economia, Paulo Guedes, deixou de convidá-lo para presidir o
BNDES. A mão que afagou Levi foi a mesma que o esfolou tão logo Bolsonaro
anunciou que poderia demiti-lo.
“O grande problema é que Levy não resolveu o passado nem
encaminhou uma solução para o futuro”, disse Guedes ao jogar a última pá de cal
no seu ex-protegido. Mais uma vez, a dupla Bolsonaro-Guedes deu razão a Rodrigo
Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, que chama o governo deles de “usina de
crises”.
Tal como se dá, a demissão de Levy é mais um produto do
modelo adotado por Bolsonaro para livrar-se daqueles que aos seus olhos caíram
em desgraça. O modelo foi descrito pelo próprio Bolsonaro durante o café da
manhã que tomou com um grupo de jornalistas na última sexta-feira, no Palácio
do Planalto.
“O Carlos é mais imediatista”, explicou Bolsonaro.
Referia-se ao Zero Dois que cobra do pai decisões rápidas. E continuou: “Tem
que dar um tempo para, ao dar o cartão vermelho para essa pessoa, não ter
dúvidas. E tem que deixar a pessoa se enrolar um pouco mais”. Assim ele
procedeu para demitir três ministros em menos de seis meses.
Cuide-se o ministro Sérgio Moro, da Justiça e da Segurança
Pública. Cuide-se também Guedes, se não de imediato pelo menos a partir do
momento em que o Congresso aprovar a reforma da Previdência. Perguntaram a
Bolsonaro se ele confiava plenamente em Moro. Resposta: “Só mãe e pai merecem
100% de confiança”.
Todo cuidado é pouco, Moro!
Ex-juiz na mira do capitão
Ultimamente, a mais de um amigo, Jair Bolsonaro tem dito como imagina que se dará a eleição presidencial de 2022: “Serei eu contra o João Dória, com Rodrigo Maia como vice dele, e contra também Sérgio Moro apoiado pela Globo”.
Ultimamente, a mais de um amigo, Jair Bolsonaro tem dito como imagina que se dará a eleição presidencial de 2022: “Serei eu contra o João Dória, com Rodrigo Maia como vice dele, e contra também Sérgio Moro apoiado pela Globo”.
Por ora, ele ainda acha que só tem a ganhar mantendo Moro no
governo. Além de popular, o ex-juiz é o queridinho dos militares. Mas uma vez
que Moro acabe atingido por alguma bala de prata, Bolsonaro o mandará embora
sem verter uma lágrima.
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