Com a avaliação do PIB do
segundo trimestre de 2019/2, revelam-se cinco anos de complicações derivadas da
recessão iniciada no segundo trimestre de 2014/2. Se dermos o índice 100 para o
PIB de 2014/2, o índice de 2019/2 será de 96,48, revelando uma queda média de
0,7% ao ano. Como a população total do país cresce a 0,8%, a queda do PIB per
capita foi, na média do período, em torno de 1,5%.
Para medir a produtividade do trabalho temos de considerar a
mão de obra diretamente envolvida no processo produtivo (carteira assinada,
empreendedores, biscateiros etc.) cuja melhor estimativa é o volume dos
ocupados na pesquisa do IBGE. Esse número era de 91,5 milhões em 2014/2 e
cresceu para 93,5 milhões em 2019/2 (apesar do dramático aumento do desemprego),
um crescimento médio anual da ordem de 0,44% no período, o que nos deixa com:
1. Aumento da produtividade: - 1,1%
2. Aumento do trabalho: 0,4%
3. Aumento médio do PIB: - 0,7%
1. Aumento da produtividade: - 1,1%
2. Aumento do trabalho: 0,4%
3. Aumento médio do PIB: - 0,7%
A verdadeira tragédia da completa desarticulação do sistema
produtivo no período 2014-2016 foi uma redução média da produtividade do
trabalho de 1,1% ao ano! A partir de 2017/2, já no governo Temer, tivemos uma
mudança de sinal.
Esses números são aproximações grosseiras. Sugerem,
entretanto, que a despeito de nenhum de nossos problemas ter sido resolvido até
agora, a política econômica implementada a partir do terceiro trimestre de 2016
vem apresentando pequenos ganhos incrementais em condições que não são
tranquilizadoras nem interna nem externamente.
A situação fiscal continua gravíssima.
O investimento líquido é negativo, e não há a menor esperança que o
investimento público possa garantir um crescimento robusto, equânime e estável.
Todos concordamos que há um problema de demanda. A questão é como resolvê-lo:
impulsionar diretamente a demanda com aumento da dívida pública, como sugerem
os críticos, ou impulsioná-la com uma política de oferta, como o governo está
tentando fazer?
Para convencer-se de que a primeira não funcionará, basta
saber que o investimento previsto no Orçamento de
2020 é de apenas R$ 19,3 bilhões e que Bolsonaro, para evitar um impeachment
por descumprimento da "regra de ouro", precisará de um crédito
suplementar de R$ 370 bilhões que dissipará em despesas correntes! Não há outra
saída que não estimular a demanda com uma forte, urgente e rápida ("fast
track") política de oferta (privatizações, concessões e parcerias), que
será financiada pelo capital nacional e estrangeiro se lhe for oferecida
segurança jurídica.
Antonio Delfim Netto
Economista, ex-ministro da Fazenda (1967-1974). É autor de
“O Problema do Café no Brasil”.
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