Diário da Crise LXXIV
As manifestações nos EUA chegam ao oitavo dia, com uma boa
notícia: a queda dos incidentes violentos.
A violência interessa aos supremacistas brancos. Tantos que
alguns deles organizavam tumultos se fazendo passa por anti racistas.
Trump está perdendo a batalha por uma radicalização na qual
o uso do aparato repressivo pode lhe trazer algum benefício eleitoral.
Joe Biden, seu adversário democrata, o acusou de botar lenha
na fogueira. O Papa se manifestou contra o racismo, aliados europeus de Trump
tomam distância de suas posições. O mais importante: o secretário de defesa
americano, Mark Esper, descartou a hipótese de uso das forças armadas, uma
aspiração de Trump.
Aqui do Brasil, duas noticias desconcertantes. Uma delas,
revelada pelo Fantástico: cerca de R$3 bilhões da ajuda emergencial foram
captados por pessoas que não tem direito a ela. Algumas são da classe média e
deixaram de mencionar a renda de sua família, outras são aposentadas e omitiram
essa condição.
Fazendo as contas, as pessoas que receberam indevidamente
são 230 mil mais 23 mil que estaria no Exterior e somadas aos 78 mil militares
que também foram indevidamente beneficiados, chegaremos ao total de 331 mil só
de casos denunciados.
Sinceramente, isto nos faz pensar. Aqueles que achavam que o
coronavírus iria despertar uma solidariedade universal estavam equivocados.
Houve e há muita solidariedade. Mas a tese de que o vírus não altera as
caraterísticas seculares dos seres humanos parece válida. Na verdade, nem sei
se temos muito mais do que 330 mil pessoas engajadas na solidariedade com os
doentes e necessitados.
A segunda notícia: um relatório da CPI das Fake News revelou
que o governo pagou dois milhões de anúncios em sites inadequados, desde os que
são acusados no processo movido pelo STF por utilizarem robôs na luta politica,
passando por sites pornográficos e alguns que promovem jogos de azar.
Andei dando uma olhada na lista. Parece que o governo usou
um critério bem amplo. Ela menciona nomes como os da revista Forum e do site
Diário do Centro do Mundo, ambos opositores ao governo Bolsonaro, sem acusações
de divulgarem fake news.
No caso do Diário do Centro do Mundo é um site opositor. Eu
mesmo sou constantemente criticado por eles. São de esquerda mas jamais usaram
dados falsos contra mim. Têm apenas uma opinião que não coincide com a minha.
Não aceitam, como o próprio PT de quem parecem ser próximos,
participar de uma frente democrática para evitar um golpe no Brasil.
Ele seguem acusando os outros pela ascensão de Bolsonaro.
Não vou examinar a responsabilidade do PT nesse processo, pois isso contraria
minha tese: olhar para a frente agora, deixando debates de fundo para a época
das eleições.
Certamente, vão seguir separados do movimento mais amplo,
mas têm direito a isso.
Faço essas observações porque acho que todo esse dinheirama que o governo distribuiu precisa de uma análise mais precisa, sobretudo a lista de produtores de fake news.
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