Desde que o Ministério Público enterrou aquele cometa, Jair
Bolsonaro nunca mais foi o mesmo. O presidente completa hoje duas semanas sem
atacar as instituições ou ameaçar um golpe. O voto de silêncio coincidiu com a
prisão de Fabrício Queiroz.
Calado, o capitão não precisou explicar fatos inexplicáveis,
como a presença do faz-tudo na casa do seu advogado. Também não foi questionado
sobre o dinheiro vivo que pagava as contas do primeiro-filho.
Mesmo sem falar, o presidente conseguiu produzir mais uma
crise. Seu novo ministro da Educação não se segurou cinco dias no cargo. Caiu
antes de tomar posse, derrubado por um currículo que não parava em pé.
Segundo o governismo, a escolha de Carlos Alberto Decotelli
marcaria o início de uma guinada rumo à moderação. O MEC deixaria de ser usado
como plataforma de guerra ideológica. Voltaria a cuidar do futuro de milhões de
estudantes sem aulas na pandemia.
Bolsonaro também estimulou a ideia de uma trégua. Em
solenidade com o ministro Dias Toffoli, ele prometeu “paz”, “tranquilidade”,
“entendimento” e “cooperação”. A conversa só convenceu quem já estava
convencido. Ontem o presidente do Supremo declarou que a democracia encerrou o
semestre “fortalecida”.
A experiência recente deveria recomendar mais cautela. Desde
que vestiu a faixa, o capitão adota a tática do morde e assopra. Sempre que se
vê acuado, ele abaixa as armas. Superado o perigo, rompe a trégua e volta a
radicalizar.
O próprio Bolsonaro já explicou o motivo. Na campanha de
2018, ele avisou que era perda de tempo esperar que o provocador se
transformasse num estadista. “Não posso virar um ‘Jairzinho paz e amor’ e me
violentar. Eu tenho que continuar sendo a mesma pessoa”, disse.
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Desde 2012, José Luiz Datena ameaça se lançar a prefeito de São Paulo. A cada
quatro anos, recua na última hora para continuar na TV.
Nesta semana, o apresentador anunciou que não será mais candidato em 2020. Para o bem dos paulistanos, poderia antecipar as desistências de 2024 e 2028.
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