Os serviços de
saúde contabilizam um milhão de mortes pela Covid-19 no
planeta, passados apenas 260 dias da notificação do primeiro óbito, na China.
A marcha
hiperbólica do novo coronavírus já infectou mais de 33 milhões,
oficialmente.
Embora as eclosões
iniciais tenham ocorrido na Ásia, foi a passagem da pandemia pela Europa que
deixou patente a virulência do patógeno. Os sistemas de saúde italiano e
espanhol entraram em colapso. Com exceção da Alemanha, as nações europeias
ocidentais mais populosas atingiram mortalidades brutas mínimas da ordem de 50
óbitos para 100 mil habitantes.
Isso ocorreu em
países cujas taxas anuais de mortes por doenças infeciosas e parasitárias
normalmente não passam de 5
por 100 mil.
Nas Américas,
apesar de os países terem tido mais tempo para se preparar, a destruição de
vidas pela pandemia, infelizmente, não tem ficado nada a dever para o velho
continente, antes pelo contrário.
As taxas de Brasil
(67), Estados Unidos (62) e México (59), onde vivem mais de 670 milhões de
pessoas, alarmam não só pela magnitude, mas também pelo fato de essas nações
ainda não terem demonstrado controle
da infecção.
No caso brasileiro,
em relação ao ocorrido na Europa, as curvas de mortes desenvolveram um arco
menos acelerado no início, mas bem mais persistente ao longo do tempo. É o
retrato, em larga medida, de um combate débil do vírus.
Ao presidente da
República não faltou apenas o senso da mobilização nacional que o tema exigia.
Desde cedo portou-se irresponsavelmente,
como o chefe dos negacionistas, a propagar falsidades científicas e mensagens
contrárias às medidas de isolamento decretadas por governadores e prefeitos,
sem as quais a tragédia seria maior.
Faltaram
testes na quantidade, nos locais e no tempo necessários. A mitigação
dos danos econômicos foi parcialmente satisfeita com o auxílio emergencial, mas
na educação dezenas de milhões de crianças e jovens tiveram as atividades
escolares suspensas sem a devida prestação pedagógica a distância.
As políticas de
resguardo e a estrutura do SUS contribuíram para que, na maioria das cidades, a
capacidade de atendimento dos casos que requeriam internação e cuidado
intensivo não fosse engolfada.
A maior
expectativa, sem dúvida, repousa na chegada das primeiras
vacinas, cuja aplicação em caráter emergencial deve começar a ser liberada,
inclusive no Brasil, entre o final de 2020 e o início de 2021.
A depender das
características das vacinas, tais como a eficácia,
uma dada estratégia de saúde pública será exigida. Que atitudes extravagantes
de autoridades não voltem a atrapalhar, desta vez na etapa decisiva do controle
da infecção.
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