Na semana em que o bolsonarismo subiu ao altar com o Centrão, a Lava-Jato anunciou que “deixa de existir”. A nota divulgada na quarta-feira não causou surpresa nem comoção. A operação já havia caído no ostracismo, esvaziada pelo grupo político que ajudou a instalar no poder.
Lançada em 2014, a Lava-Jato prendeu dois ex-presidentes e colaborou com a eleição do atual. Ele mastigou seu maior símbolo, Sergio Moro, e nomeou um procurador de estimação para desmontar a força-tarefa.
O ex-juiz também contribuiu para o desmanche. Trocou a toga pelo palanque e se desmoralizou ao conviver com corruptos e milicianos. Quando tentou dar meia-volta, foi despejado do governo e massacrado nas redes. Hoje é sócio de uma consultoria que lucra com os resultados da operação.
A revelação dos diálogos entre Moro e os procuradores removeu o que restava do verniz ético da Lava-Jato. O ex-juiz tabelou com a acusação e comemorou denúncias contra réus que desejava condenar. A pretexto de combater a roubalheira, atropelou a lei e abandonou o dever da imparcialidade.
Conversas divulgadas nos últimos dias reforçam a afinidade entre os investigadores e o submundo bolsonarista. O procurador Januário Paludo concluiu que o sítio de Atibaia pertencia a Lula “porque a roupa de mulher era muito brega”. “Decoração horrorosa”, acrescentou. Deltan Dallagnol chamava o ex-presidente de “9”. Um deboche com o acidente de trabalho que deixou o petista com nove dedos nas mãos.
Os pecados da força-tarefa ofuscaram seus maiores feitos: a implosão do cartel de empreiteiras que capturou o Estado brasileiro e a recuperação de R$ 4,3 bilhões para os cofres públicos.
Depois de sete anos de barulho, a Lava-Jato foi enterrada em silêncio. As panelas que cantavam em sua defesa não saem mais dos armários.
Maracanã até morrer
Como se o Rio não tivesse questões mais urgentes, o presidente da Assembleia Legislativa, André Ceciliano, quer trocar o nome do Estádio Mario Filho para Estádio Edson Arantes do Nascimento — Rei Pelé.
A ideia, revelada pelo colunista Ancelmo Gois, é desperdício de tempo e dinheiro. “O nome do Mario Filho nunca pegou, e o do Pelé também não vai pegar. Será Maracanã até morrer”, crava João Máximo, um dos maiores conhecedores do templo do futebol.
O jornalista lembra que Nelson Rodrigues lutou inutilmente para que os jornais chamassem o estádio pelo nome do irmão. “Se ainda estivesse vivo, Nelson iria parir uma abóbora”, aposta o autor de “Maracanã: Meio século de paixão”.
O livro é anterior à reforma bilionária de Sérgio Cabral, que desfigurou o estádio antes da Copa de 2014.
Dr. Cloroquina
Com mais de 230 mil mortos pela pandemia, o presidente do Conselho Federal de Medicina, Mauro Ribeiro, continua a permitir a distribuição de remédio de malária a pacientes infectados pelo coronavírus.
“Cabe ao médico que quer (sic) tratar realizar o tratamento. E àquele que não quer tratar não realizar o tratamento”, disse ao Jornal Nacional.
O doutor não poderá repreender colegas que receitem aspirina contra o câncer, xarope contra a Aids ou pílula de farinha para prevenir a gravidez.
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