O mapa da votação do 1ºturno da PEC dos Precatórios mostrou que dos partidos com candidato à Presidência o PT e o Novo foram os únicos a votar unidos e estrategicamente para derrotar o governo. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) voltou atrás em decisão já oficializada de retorno às sessões presenciais para permitir o voto virtual de parlamentares em missão oficial. Com a manobra, porém, estima-se que tenha conseguido apenas 13 votos.
Mede-se o apreço de um político pela democracia por sua capacidade de não mudar as regras do jogo contra uma derrota. O presidente Jair Bolsonaro tentou isso com a batalha contra a urna eletrônica mas o paredão do Judiciário se levantou. Agora Lira não apenas tentou como fez coisa parecida e não apareceu quem lhe pusesse freio.
Mesmo com o casuísmo de Lira, a oposição teria condição de derrotar a PEC com folga se tivesse votado unida. A proposta passou por apenas quatro votos. O número de votos que recebeu do PSDB dos governadores João Dória e Eduardo Leite (22) superou em mais de cinco vezes essa diferença. Se o PDT de Ciro Gomes não tivesse dado 15 votos a favor da PEC a chincana do presidente da Câmara (PP-AL) não teria feito cócegas no resultado.
O desempenho do partido levou Ciro ao Twitter: “A mim só resta um caminho, deixar minha pré-candidatura em suspenso até que a bancada do meu partido reavalie sua posição. Temos um instrumento definitivo nas mãos, que é a votação em segundo turno para reverter a decisão”. Como o placar se desenhou inclusive com votos de aliados seus no Ceará, a indignação surpreendeu.
Se o Podemos no qual o ex-juiz Sergio Moro se filiará não tivesse se dividido, a proposta tampouco passaria. Foram cinco votos a favor e quatro contra. Mas o maior vexame de todos foi o do PSD do senador Rodrigo Pacheco: 82% dos votos do partido se destinaram à aprovação da PEC do calote.
Já o PT do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu a totalidade de seus 44 votos em plenário contra a PEC, movimento seguido pelo Novo do recém-lançado candidato à Presidência Luiz Felipe d’Ávila, com um punhado mais modesto dos oito votos do partido. Há razões distintas no comportamento do PT e do Novo, mas ambos descartam a herança fiscal maldita da PEC do calote, não cederam ao canto da sereia das benesses nem à ameaça de serem identificados como oponentes do Bolsa Família.
Nenhum comentário:
Postar um comentário