"O PT, se você deixar, bate a sua carteira...". É uma fala típica de Jair Bolsonaro, mas foi dita por Ciro Gomes em entrevista ao apresentador Ratinho. Na mesma ocasião, o candidato do PDT botou parte da culpa do problema da violência e do tráfico de drogas do país na "esquerda caviar": "o burguês lá da zona sul do Rio falando de combater o fascismo tá cheirando cocaína desbragadamente".
O tom bolsonarista adotado por Ciro tem funcionado tanto quanto enxugar gelo. Quanto mais ele bate no PT e em Lula, mais derrete. A virada esperada jamais veio. A eleição se aproxima e quem se aproxima de Ciro é Simone Tebet. A única coisa que cresce na campanha de Ciro é a rejeição e a antipatia por ele. O que ele faz? Diz que antigos apoiadores, como Caetano e Tico Santa Cruz, vão de Lula porque estão com a vida ganha.
Ou Ciro não entendeu nada ou se faz de doido. Nenhuma estratégia deu certo. O discurso antipetista é retórica surrada e, mesmo partindo de Bolsonaro, mostra que o alcance minguou. Com Ciro se traduz em ressentimento, mágoa e desequilíbrio emocional à medida que Lula consolida sua posição de favorito.
O "Cirão da massa" de 2018 chegou sem fôlego a 2022 e o comando de sua campanha parece perdido, com ações datadas e desconexas, deixando o candidato virar motivo de chacota. Ele, por sua vez, é incapaz de reconhecer que não é opção no momento e parece estar numa cruzada para enterrar seu futuro político.
Às vezes, o que a pessoa precisa é de um amigo para mandar a real --"olha, você tá bem louco"--, não de um marqueteiro. Resta saber se Ciro Gomes consegue controlar o seu gênio indomável e entender que já passou da hora de se recolher. Do contrário, corre o risco de terminar essa eleição menor que um Aécio. Lembram do Aécio? Quase se elegeu presidente e agora, quando muito, viverá como cacique de partido.
Ciro tem se tornado tão radioativo que talvez nem isso.
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