O sistema eleitoral brasileiro, tão vilipendiado pelo presidente Jair Bolsonaro e seus devotos, não apresentou nenhum problema relevante na votação de domingo. O que pode parecer banal – afinal, esse sistema funciona perfeitamente há décadas, sem ter sido seriamente contestado – ganhou importância transcendental: a constatação de que as urnas eletrônicas são claramente confiáveis, ao contrário da litania bolsonarista, constitui uma barreira natural para os arroubos liberticidas do presidente. Bolsonaro terá que encontrar outra desculpa caso seja derrotado no segundo turno da eleição, no fim deste mês.
É motivo de orgulho para os brasileiros que o País tenha sido informado dos resultados completos da eleição menos de cinco horas depois do encerramento da votação. Também é motivo de satisfação constatar que não houve qualquer incidente violento grave, a despeito das expectativas sombrias, motivadas, sobretudo, pelo discurso belicoso de Bolsonaro.
Registre-se, ademais, que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sai grandioso das eleições gerais de 2022. Atacado como nunca antes em seus 90 anos de história, o TSE reafirmou no domingo passado sua capacidade para realizar uma eleição pacífica, eficiente e confiável.
Portanto, resta evidente que não há qualquer fundamento que sustente a mais tênue dúvida sobre a higidez do sistema eleitoral brasileiro. Sejam quais forem os resultados de segundo turno País afora, inclusive o mais importante de todos, o que definirá quem governará o Brasil pelos próximos quatro anos, os brasileiros podem estar absolutamente seguros de que eles expressarão a fiel vontade da maioria dos eleitores.
O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, foi taxativo ao afirmar, com razão, que “a era de ataques à Justiça Eleitoral já é passado”. Por sua vez, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Rosa Weber, manifestou seu desejo de que, “no futuro, possamos olhar para este 2 de outubro de 2022 e concluir que foi a reafirmação do nosso Estado Democrático de Direito”.
Não é trivial finalizar uma eleição limpa e eficiente envolvendo 156 milhões de eleitores espalhados por uma vasta extensão territorial de forma tão rápida e segura. O Brasil não é referência nessa seara por acaso.
Mas os louros desse retumbante sucesso não cabem apenas ao TSE. A sociedade, em sua esmagadora maioria, também deu mostras de inequívoco civismo. Milhões de cidadãos foram às urnas em paz no domingo e esperaram durante horas nas filas que se formaram em seções eleitorais em todo o País e nas representações diplomáticas no exterior para exercer seu direito ao voto. Não houve casos graves de perturbação do andamento da eleição nem desrespeito aos mesários ou aos concidadãos que manifestavam preferências contrárias.
Episódios esparsos de violência, de boca de urna, de sujeira que emporcalha as ruas e casos de vandalismo contra as urnas, infelizmente, há em todas as eleições. Com esta não haveria de ser diferente. Mas nada que tirasse o brilho do desfecho bem-sucedido do pleito – do qual todos os brasileiros, sem exceção, devem se orgulhar imensamente.
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