Transição revela país com instituições destruídas e ameaçado pelo terrorismo
Disponível na internet, o resumo do documento elaborado pela equipe de transição é uma peça espantosa, um livro de terror. Dá a medida de como será difícil a reconstrução do Brasil e o tamanho do desafio que o governo Lula terá de enfrentar.
Pela leitura do diagnóstico, não é possível apontar em que área da máquina federal houve maiores retrocessos, se na saúde, na educação, na segurança, nas políticas sociais, no meio ambiente, nas relações internacionais, na ciência ou na cultura. Mostra um país cujas instituições estão falidas e minadas por dentro, como se tivesse passado por uma guerra.
Futuro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, acumulando a função com a Vice-Presidência, Geraldo Alckmin já havia revelado o tom do relatório numa entrevista: "Desde que entrei na vida pública nunca vi nada parecido. Os dados dão a entender que o governo Bolsonaro aconteceu na idade da pedra, em que não havia palavras ou números". Por mais chocante, a declaração de Alckmin não é novidade para quem sobreviveu aos últimos quatro anos.
Bolsonaro não poderia atuar de forma diferente. Ao não entregar a faixa presidencial, é o capitão de sempre, cujo tempo no Planalto foi mero disfarce para o projeto de poder autoritário que o moveu em todos os seus atos. Um dos mais recentes foi a aposentadoria, aos 47 anos e com salário integral, do ex-diretor da PRF, um prêmio por ter transformado a instituição em milícia eleitoral agindo por influência e a favor do golpista que agora tem duas coisas a fazer: chorar as pitangas e preocupar-se com a Justiça.
Um livro que acaba de sair —"Eles Não São Loucos", do jornalista João Borges– narra os bastidores da transição FHC-Lula em 2002, que teve início ainda durante a disputa que indicava o petista como favorito. O ambiente era outro; os adversários também. Ninguém naquela época pensava em explodir bomba em aeroporto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário