terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

POR QUE ROBINHO DEVE SER PRESO? PORQUE ELE DEBOCHA DA JUSTIÇA AO POSTAR FOTOS APÓS SER CONDENADO

Robson Morelli, O Estado de S.Paulo

Robinho foi condenado a 9 anos de prisão por cometer estupro contra uma garota albanesa quando jogava na Itália, em 2013. Foi julgado e condenado em todas as instâncias. Mas ele está solto no Brasil, como se vê em posts nas redes sociais brincando na praia e vivendo como se nada tivesse acontecido.

Um dado para que o leitor entenda a gravidade da situação: os crimes por estupro cresceram 14,8% em janeiro deste ano no Estado de São Paulo comparado ao mesmo período do ano passado, de acordo com a Secretária de Segurança Pública de São Paulo. Saltaram de 921 casos para 1.058. Apenas na Capital, esse aumento foi maior, de 31%, de 170 para 224 episódios.

O Brasil tem um jogador de futebol famoso condenado pelo mesmo crime na Itália, mas que leva a vida numa boa. Robinho ainda curte a vida adoidado. Ele debocha da Justiça a cada vez que vai para a praia jogar futevôlei. Ele humilha ainda mais a mulher vítima do seu crime, contra quem praticou o estupro. Ele cospe nas leis e nas pessoas que se debruçam sobre a matéria ou que ajudaram lá atrás a confeccionar as regras que regem a sociedade, no Brasil ou na Itália.

Qual é a imagem que Robinho passa para todos nós? Que o crime compensa. Essa é a primeira delas. Ele foi acusado, julgado e condenado, mas a pena não foi cumprida. Não foi porque ele voltou para o Brasil e o Brasil não extradita seus cidadãos. Simples assim. Então, o que um brasileiro faz de errado lá fora e não for preso, a Justiça brasileira perdoa. Essa é a concepção geral das pessoas.

A segunda imagem que o caso Robinho passa é a fragilidade da Justiça brasileira, incapaz de cumprir pena imposta fora do Brasil. Robinho foi condenado na Itália e, pela Justiça brasileira, deveria ser preso somente na Itália. Ou em suas andanças pelo mundo, uma vez que seu nome é o de um cidadão condenado. Se pisar fora do Brasil, Robinho será preso. Mas dentro do território nacional, ele é intocável. Mesmo tendo cometido estupro.

A liberdade de Robinho é uma afronta às pessoas de bem e às autoridades brasileiras. O futebol, desse ponto de vista, agiu por conta própria e o fez cumprir a pena longe dos gramados. Robinho tentou voltar, mas não conseguiu. Nem mesmo no clube que o lançou, o Santos. A torcida não deixou.

Robinho não ficou um dia sequer atrás das grades. Uma hora que tanto preso. Com o processo em andamento na Itália desde 2013, ele tentou a carreira em outros países até voltar para o Brasil. Nunca levou as acusações, o julgamento e a condenação com a devida importância. Nem ele nem as pessoas que o cercam. Portanto, Robinho pisa na cara da Justiça brasileira, dando de ombros para os que o condenaram na Itália e aos que tentam no Brasil fazer com que ele cumpra a pena de 9 anos, ignorando ainda toda a dor da vítima do seu estupro.

Há indícios de que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e a Procuradoria-geral da República (PGR) estejam incomodados com a desfaçatez do jogador. Por isso, vasculham novos entendimentos das leis vigentes para que a pena já definida e irrevogável possa ser executada no Brasil, mesmo com sua condenação vindo de um país na Europa.

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