Rogério Marinho, senador estreante, teve muitos votos. Uma massa de 32 senadores que, em rápida análise, daria margem, por exemplo, à aprovação de CPIs - são 27 as assinaturas necessárias.
Mas a coisa não é tão simples assim. O tempo fará assentar a consistência - ou exporá a fragilidade - do conjunto. Veremos, então, se se trata mesmo de grupo; de um capaz de se articular para votar conjunta e consistentemente.
Há razões para se projetar que a coisa mingue. A primeira delas é que o Planalto virá firme; e a sedução tende a ser mais fácil quando frente a corações vadios. Há ali, entre os 32, corações carentes.
Está dado que muitos entre os votantes em Marinho o fizeram - nada a ver com oposição sistemática ao governo - para dar um recado a Rodrigo Pacheco sobre seu despachante Davi Alcolumbre: há que dividir, oferecer perspectivas de giro de poder. Em resumo: não se pode ter tudo. (Pacheco foi eleito, em 2021, com 57 votos. Em 2019, Alcolumbre ganhou com 42.)
A ver como a mensagem será captada, para começo de conversa, na composição do comando de comissões. O resultado, a reeleição cansada, informou que os dois anos iniciais de Pacheco deixaram mágoas.
Note-se também que a votação em Marinho espelhou uma engenhosa estratégia discursiva que, empurrando Pacheco (aquele que de tudo fez contra CPIs que investigariam a gestão bolsonarista) para a condição de candidato petista (e afinal o governo chegaria mesmo junto para empurrar o trem e lastrear o discurso), ofereceria conforto a que muitos votassem - não no homem de Bolsonaro - desde o lugar de oposicionistas.
Mas não será fácil, doravante, manter a associação ao bolsonarismo. Nem sempre haverá alcolumbres para ofertar disfarces.
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