Saiu pela editora Libretos um tremendo livro, destinado a fazer história e a retirar do esquecimento uma personagem que apagaram da memória nacional: “Jurema Finamour: A jornalista silenciada”, de autoria da jornalista, professora e escritora Christa Berger.
Como a autora de quase 20 livros, muitos deles marcantes, foi eliminada da história?
Como a jornalista que conheceu e contou as aventuras de gente interessante e relevante, no Brasil e mundo afora, é hoje um nome ignorado até por quem supõe saber das coisas?
Por que sumiu das lembranças impressas e das reconstituições do passado a mulher que foi à luta por causas generosas, muitas das quais só ecoariam tempos mais tarde?
Passeiam pela vida de Jurema (1919-1996), e pelas páginas do livro de Christa, figuras como Gabriela Mistral, Pablo Neruda, Carolina Maria de Jesus, Luiz Carlos Prestes, Fidel Castro e Di Cavalcanti, que retratou a biografada.
A biografia é engenhosa. A autora escreve a vida da protagonista e compartilha com o leitor os caminhos para descobrir ou tentar descobrir informações perdidas. E estimula a reflexão sobre o esquecimento, que é provocado, e não acidental.
É evidente que a condição de mulher emancipada de Jurema foi determinante. Mas houve mais, como ressentimentos embebidos de mesquinharia.
Assim começa o livro: “Jurema ainda era criança quando sua mãe, dona Floripes, foi embora e deixou o marido, seu José Aureo Ferreira, o filho Milton e ela, formando uma família de gente triste”.
Dá para resistir a uma prosa assim?
Tomara que o jornalismo cultural não cale a respeito do novo livro. Além de ignorar uma bela obra, renovaria o silêncio perverso sobre a mulher fascinante que foi Jurema Finamour.
Nenhum comentário:
Postar um comentário