Desemprego segue afetando os mais vulneráveis, em especial mulheres, jovens e negros
O Brasil e os brasileiros têm muito a refletir neste 1º de Maio, Dia do Trabalho ou do Trabalhador.
Podemos começar pelo recorde de casos de trabalho análogo à escravidão —eufemismo para escravização contemporânea. No primeiro trimestre deste ano, quase mil pessoas foram resgatadas em condições de trabalho degradante, indigno, exaustivo, servil.
É um escárnio para uma sociedade que se pretende livre, justa e democrática.
A maioria dos casos foi registrada em Goiás e no RS, no célebre episódio envolvendo as vinícolas Aurora, Salton e Garibaldi —que, parênteses, já foram perdoadas e retornaram ao projeto setorial Brazil Wines, do qual haviam sido temporariamente suspensas pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Mas o problema é generalizado, ocorre também em grandes cidades, como se viu na montagem do festival Lollapalooza, em São Paulo.
A precariedade das condições de trabalho de cerca de 40% da população brasileira ocupada, que se encontra na economia informal, é outro motivo de crítica. Sem falar no trabalho infantil, que condena milhares de crianças e adolescentes a repetir o ciclo de miséria de seus genitores.
Enquanto isso, o desemprego segue afetando os mais vulneráveis, em especial as mulheres, os jovens e os negros. Dados da PNAD Contínua do IBGE indicam taxa de desocupação feminina de 11% no terceiro trimestre de 2022, ou seja, acima da média nacional de 8,7%. O mesmo ocorre com pretos (11,1%) e pardos (10%) em comparação com não negros (6,8%).
Quando o quesito é remuneração, a coisa fica ainda mais escabrosa. Tanto que a hora trabalhada por um brasileiro negro vale 40% menos do que a de um branco, segundo dados do IBGE. Uma discrepância que se estende a todos os níveis hierárquicos e de escolaridade, reforçando o quanto o racismo permeia as relações sociais no Brasil —principalmente no mundo do trabalho. Nesse cenário, comemorar o quê?
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