Contando com mais de 240 deputados e ampla capilaridade nos principais partidos da Câmara dos Deputados, a Frente Parlamentar da Segurança Pública, conhecida como bancada da bala, é uma das maiores do Congresso Nacional. O grupo conta com uma sólida estrutura interna, organizada em coordenações regionais e institucionais. Nesse sistema, alguns membros-chave têm mais influência sobre as decisões internas do bloco.
Ao todo, 47 deputados formam o corpo organizacional da bancada da bala. O PL, principal partido da oposição, é majoritário. Alguns dos parlamentares, porém, são mais ativos nos debates na Câmara, com ênfase na Comissão de Segurança Pública, ambiente onde a frente parlamentar exerce maior influência.
Levantamento exclusivo do Awire, projeto do Congresso em Foco sobre segurança pública no Legislativo, mostra quais são os quadros mais influentes da bancada da bala nas duas Casas.
Nem todos os integrantes da frente conseguem transformar atividade intensa em influência. Pelo contrário: o perfil afrontoso de grande parte dos membros da bancada da bala chegou, em alguns momentos, a comprometer o próprio andamento de suas próprias atividades. É o caso, por exemplo, da recusa por parte do ex-ministro da Justiça Flávio Dino a comparecer em uma das audiências para as quais foi convocado.
Outros nomes conquistaram protagonismo dentro da bancada, ganhando destaque pelo papel de liderança na condução das atividades da Frente Parlamentar da Segurança Pública ou no protagonismo com relação à articulação em defesa de suas bandeiras.
Veja quem são os principais líderes da bancada pró-armas na Câmara:
Sanderson (PL) Estado: RS
Oriundo da Polícia Federal, Ubiratan Sanderson assumiu a presidência da Comissão de Segurança Pública em 2023, período marcado pela predominância da bancada da bala sobre as ações do colegiado. Assim que foi eleito para a função, se comprometeu a pautar projetos relacionados à flexibilização do porte e uso de armas, endurecimento do processo penal brasileiro e recrudescimento de penas para crimes relacionados ao tráfico de drogas. É presidente da bancada pela região Sul
Alberto Fraga (PL) Estado: DF
Atual coordenador da Bancada da Bala, Alberto Fraga é também um de seus quadros mais antigos, tendo participado de sua fundação e sido seu primeiro presidente. Histórico defensor da legalização do armamento civil, o deputado ocupou, em 2023, a primeira vice-presidência da Comissão de Segurança Pública. Fraga foi oficial da Polícia Militar do Distrito Federal, e adotou o armamentismo como sua principal bandeira ao longo de mais de 20 anos de carreira política.
Paulo Bilynskyj (PL) Estado: SP
Coordenador da ala paulista, Paulo Bilynskyj é um dos mais ativos membros da bancada dentro da Comissão de Segurança Pública, atuando tanto na articulação de projetos de interesse da frente parlamentar quanto como agitador armamentista em suas redes sociais e nos debates do colegiado. Bilynskyj é delegado de Polícia Civil, além de ser sócio de um clube de tiro em São Paulo.
Marcos Pollon (PL) Estado: MS
Secretário de coordenação de CACs na bancada, Marcos Pollon é fundador da Associação Nacional Movimento Pró-Armas, entidade fundada em 2020 tida como referência no lobby em favor do armamentismo. Seu grupo impulsionou a campanha de dezenas de candidatos da bancada da bala nas eleições de 2022, e conta com ampla capilaridade em movimentos de extrema-direita, promovendo manifestações anuais em defesa da flexibilização do comércio de armas para civis.
Capitão Augusto (PL) Estado: SP
Tesoureiro da bancada, Capitão Augusto foi seu coordenador entre 2019 e 2023. Oriundo da Polícia Militar de São Paulo, o parlamentar é militante de causas de interesse tanto de policiais quanto de membros das forças armadas, representando uma das principais forças de articulação de projetos favoráveis à categoria. O deputado também assume outras bandeiras de peso dentro da frente parlamentar, como o endurecimento do Código Penal.
Caroline de Toni (PL) Estado: SC
Apesar de não compor a direção da bancada da bala, Caroline de Toni é a principal voz da frente parlamentar na Comissão de Constituição e Justiça, onde o PL pleiteia seu nome para assumir a presidência em 2024. Ela foi a deputada mais oposicionista de 2023, com apenas 16% de adesão à orientação do governo em plenário, conforme o Radar do Congresso.
Ismael Alexandrino (PSD) Estado: GO
Figura discreta na bancada da bala, Ismael Alexandrino possui proximidade com o governo, o que lhe garante importância diante do perfil predominantemente oposicionista da frente. Apesar de não se apresentar como um militante da causa armamentista, o deputado alcança resultados significativos como articulador em defesa do tiro esportivo, presidindo a subcomissão especial que trata do tema.
Senado
Se na Câmara a bancada da bala se organiza na forma de uma frente parlamentar ampla e estruturada, no Senado seu perfil é diferente. Formando um bloco enxuto e sem formalizar uma entidade, 13 senadores armamentistas atuam cada um à sua maneira. Eles se articulam constantemente em favor da flexibilização de armas. Alguns deles receberam apoio direto do Movimento Pró-Armas em suas campanhas eleitorais.
Um dos principais líderes do grupo no Senado é Marcos do Val (Podemos-ES). O senador, porém, perdeu parte da sua influência em 2023, quando foi alvo de buscas da Polícia Federal sob a acusação de participar da trama de um golpe.
Paralelamente, novos senadores como Hamilton Mourão (Republicanos-RS), Jorge Seif (PL-SC) e Sergio Moro (União-PR) conseguiram articular com maior eficiência, podendo despontar como futuras lideranças para a pauta armamentista na Casa. Este último conseguiu, na semana do dia 6, emplacar a aprovação na Comissão de Segurança Pública do projeto de lei que extingue as saídas em datas comemorativas para presidiários.
Dois congressistas se destacam como figuras mais importantes para a promoção de políticas de flexibilização das armas no Senado.
Veja quem são os principais líderes da bancada pró-armas no Senado:
Flávio Bolsonaro (PL) Estado: RJ
Integrante da família Bolsonaro, historicamente alinhada à promoção do armamento civil, sendo este um dos pilares de todas as suas campanhas eleitorais. Além do papel de liderança ideológica dentro do bolsonarismo, o senador é o principal representante do grupo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), por onde passam todos os projetos de lei.
Magno Malta (PL) Estado: ES
Um dos membros mais experientes do bloco armamentista no Senado, Magno Malta defendia exatamente o contrário em suas passagens anteriores pelo Congresso Nacional, antes de sua ausência entre 2019 e 2022. Em sua última campanha eleitoral, recebeu apoio direto do movimento Pró-Armas, principal entidade do lobby em favor da flexibilização do controle sobre Caçadores, Atiradores desportivos e Colecionadores (CACs). Desde então, participa ativamente na articulação de itens de interesse do setor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário