Indiciamento no caso das joias atrapalha candidatos do capitão
Se em São Paulo a disputa prossegue embolada, repetindo-se o cenário das últimas eleições presidenciais, com Ricardo Nunes e Guilherme Boulos cabeça a cabeça, no Rio o bolsonarismo caminha para o abismo. Caso nada mude até outubro, desenha-se, mais do que uma derrota, uma lavada histórica em seu próprio berço de nascimento.
O Datafolha espanta: Eduardo Paes, aliado de Lula, tem 53% das intenções de voto, muitas das quais de bolsonaristas. Alexandre Ramagem aparece em terceiro, com 7%, perdendo para Tarcísio Motta, do PSOL, com 9%. Para se ter uma ideia da mudança de humor dos cariocas, em 2020 Marcelo Crivella, tido e havido como um dos piores prefeitos da cidade, conseguiu ir para o segundo turno contra Paes.
Sem carisma, sem experiência política e administrativa, Ramagem é uma invenção de Bolsonaro, que impôs ao PL o nome do ex-chefe da Abin investigado por arapongagem. No lançamento da candidatura em março, o governador Cláudio Castro puxou o bordão "Chama o delegado", que traduz a estratégia da campanha que não decola: priorizar a pauta da segurança pública.
Em busca de eleger-se pela quarta vez, Eduardo Paes investe na comunicação pelas redes sociais e na autopromoção como fazedor de obras, principalmente na zona oeste, reduto do capitão e da milícia. Sua tática –de opor a figura do zelador à do delegado– vale não só para a prefeitura como para o governo do estado em 2026, prenunciando mais um confronto com os planos do ex-presidente. O filho Flávio poderá ser candidato ou fazer dobradinha com o irmão Carlos nas duas vagas para o Senado.
O momento é adverso para o cabo eleitoral Bolsonaro. Indiciado por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro no embrulho das joias, ele não pode mais bater no peito e dizer-se honesto. Para manter a seita mobilizada terá de partir para um estilo de cinismo à Trump: "Meti a mão grande sim, e daí?"
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