Diferentemente da Quaest, pesquisa mostra populista radical em terceiro, com subida de Nunes, em empate com Boulos
A pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta (12) trouxe números divergentes dos apresentados pela Quaest um dia antes. Depois de dois empates triplos na margem de erro, agora o prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem 27% das intenções de voto, seguido por Guilherme Boulos (PSOL), com 25%, e Pablo Marçal (PRTB), com 19%. Apenas os dois primeiros podem ser considerados tecnicamente empatados.
Já pela Quaest como se sabe teríamos uma situação mais apertada, com Nunes à frente (24%), Marçal (23%) e Boulos (21%), todos no mesmo patamar.
Em comum entre os dois levantamentos, ainda que com menor diferença, Nunes surge bem na foto. A boa vantagem no Datafolha indica que o prefeito soube explorar seu latifúndio no horário gratuito. Há razões para acreditar que ele vai encontrando um caminho promissor na disputa, independentemente do apoio cauteloso de Jair Bolsonaro.
Nunes se beneficia de uma dupla máquina, sua condição de prefeito no poder e as simpatias do governador Tarcísio de Freitas, que faz o modelão paulista conservador, mas mantém certa distância da imagem de bolsonarista raiz. O prefeito pode não ser brilhante –e certamente não é– mas sua mediocridade é pelo menos conhecida por todos. Não entusiasma, mas não assusta. Pode ser uma espécie de porto seguro para quem teme Marçal e Boulos.
Diferentemente da Quaest, o Datafolha não aponta para uma perigosa perda de tração da candidatura do PSOL e PT, situação que levantou especulações sobre a possibilidade de um segundo turno sem esquerda. Pelo Datafolha, confirma-se a expectativa de que, após o início da propaganda de rádio e TV, Marçal, que não tem nenhum segundo de exposição, tenderia a ficar para trás.
As queixas sobre a efetividade do apoio de Lula a seu candidato podem amainar, já que se tornou mais clara para o eleitor a relação entre os dois. Mas ainda fazem sentido. Nunes vai melhor entre os pobres. Não se confirma o quadro em que o petista e Bolsonaro apareceriam colados em seus aliados numa polarização que reproduziria a situação nacional do passado recente.
Maria Hermínia Tavares já havia chamado a atenção em coluna nesta Folha para dados do Datafolha que contrariam a ideia de polarização em São Paulo. A professora baseou-se nas segundas escolhas dos eleitores para mostrar que existe flexibilidade ideológica nas opções.
Novas movimentações obviamente podem acontecer. No momento, as urnas parecem sorrir para Nunes e não abandonaram Boulos. De certa forma voltamos ao normal. Que tenha entrado água no chope de Marçal é uma vitória da civilização.
Um aspecto que não é novo, mas que se consolida, é o total definhamento do PSDB. O partido graças ao qual Nunes chegou ao poder, na chapa de Bruno Covas, veio a ser representado pelo outsider José Luiz Datena, um fiasco retumbante.
O fim da sigla do outrora potente tucanato paulista é um fenômeno que se mostra a essa altura irreversível. Curiosamente o naufrágio veio após o inferno astral do PT, com os conhecidos casos de corrupção e a prisão de Lula. Àquela altura, o antipetismo de bico longo erguia brindes e soltava fogos. Tudo em vão. Foi o PSDB que acabou.
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