O rompimento de Trump e Elon Musk é um estudo de caso das
armadilhas por trás do desmonte do Estado
Críticas do bilionário agravam os temores acerca da política
econômica de Trump e dividem eleitorado conservador
Os bastidores do rompimento entre Donald Trump e Elon Musk
são material para estudo de caso das armadilhas por trás do desmonte do Estado
e da deslegitimação das instituições. As críticas de Musk agravam os temores
acerca da política econômica de Trump e dividem o eleitorado conservador.
Antes de entregar a chave de ouro da Casa Branca a Musk, na
sua despedida do governo, dia 30, Trump recebeu um dossiê que mostrava que
Jared Isaacson, indicado pelo dono da Space-X para administrar a Nasa, foi
doador de campanhas democratas.
Tanto Trump quanto Musk fizeram doações para campanhas
democratas no passado. Mesmo assim, Trump chamou Musk e disse que não ia nomear
Isaacson, bilionário amigo dele, cuja empresa Draken faz serviços de
treinamento para as forças armadas americanas.
A Nasa contrata a Space-X, que concorre com
outras empresas de exploração espacial, como a Blue Origin, de Jeff Bezos. Essa
foi a gota d’água para Musk, que já tinha sofrido outras frustrações.
O pacote fiscal de Trump revoga os subsídios para os carros
elétricos da Tesla, também de Musk. O empresário queria ainda que outra empresa
sua, a Starlink, substituísse a Verizon na conexão para o controle de tráfego
aéreo. A Agência Federal de Aviação relutou, por causa do conflito de
interesses.
MONOPÓLIO DO PRIVILÉGIO.
Trump tem usado a presidência para beneficiar seus negócios.
O Trump International Hotel, em Washington, tornou-se ponto de encontro de
lobistas e políticos. Ele converteu seu balneário em Mar-a-Lago em residência
extraoficial de descanso, o que multiplicou o valor do título de sócio.
Sua primeira viagem internacional planejada foi para a
Arábia Saudita, onde está em desenvolvimento a Trump Tower de Jeddah; para o
Catar, que encomendou o Trump International Golf Club Simaisma, e fez aporte de
US$ 1,5 bilhão ao fundo de investimentos Affinity Partners, de seu genro Jared
Kushner.
O filho do enviado especial de Trump ao Oriente Médio e à
Rússia, Steve Witkoff, também tem múltiplos negócios na Península Arábica. Zach
Witkoff é cofundador da World Liberty Financial, que, em 2024, lançou a
criptomoeda stablecoin. A família Trump tem 60% da empresa; os Witkoff, cerca
de 12,5%. Todos acompanharam Trump na viagem.
Musk, que doou US$ 250 milhões à campanha de Trump, e
colocou sua imagem e o X a serviço da reeleição, acreditou que todos os seus
interesses seriam atendidos pelo governo. Trump mostrou que tem o monopólio
desse privilégio.


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