O governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (DEM) é o entrevistado nas Páginas Amarelas da revista Veja, que está nas bancas nesta semana. Em entrevista ao repórter Otávio Cabral, José Roberto Arruda fala sobre o caso do Painel do Senado e diz o preço que pagou por isso.
Segundo o governador há fisiologismo em todos os governantes, mas acrescenta que há um limite de fisiologismo e isenta o presidente Lula. Também fala sobre a crise no Senado, a política linha dura adotada por sua administração e a volta por cima. Confira a entrevista.
A crise no Senado – É maior do que essa discussão pontual personificada, da notícia do jornal de hoje. O modelo político criado pela Constituição de 1988 foi importante porque permitiu a estabilidade política por duas décadas, mas está dando sinais claros de fadiga. Se não for feita uma reforma política seria, que traga estabilidade às casas legislativas, o país pode ficar ingovernável e, sem dúvida, continuará sendo pautado por escândalos.
Reforma Política – É preciso ter apenas cinco ou seis partidos que representem diversos espectros ideológicos, como em qualquer país civilizado. Os problemas éticos nas casas legislativas são facilitados por uma legislação política e administração totalmente atrasada e incompatível com o modelo político que o Brasil vive.
Fisiologismo – É quase impossível. Está entranhado de uma maneira tal na cultura política brasileira que, hoje, a única diferença entre um governante e outro é o limite de tolerância e flexibilidade em relação a essa prática. Hipocrisia não reconhecer que todos os governos, literalmente todos praticam certa dose de fisiologismo.
O limite de fisiologismo – É o limite ético. É não dar mesada, é não permitir corrupção endêmica, institucionalizada. Sei que há corrupção no meu governo, mas sempre que descubro há punição.
Presidente Lula – É diferente do PT. Porque o presidente é popular. Três motivos segundo José Roberto Arruda. Primeiro: porque tem um tipo de inteligência epidérmica, emocional, que é muito raro. Ele se comunica com a população como ninguém. Segundo: Ele é um homem de sorte. Governou o país em um período de estabilidade econômica. Terceiro: Lula é simpático. Ele é agregador, não é belicoso. Segundo José Roberto Arruda, essas três questões deram ao presidente Lula uma popularidade só comparada a Getúlio Vargas.
Defeitos do presidente Lula – Tem. como Getúlio Vargas tinha. No caso do Getúlio Vargas era o autoritárismo. Lula tem uma tendência de simplificar problemas complexos em vez de dar soluções estruturais definitivas. O governador cita como políticas de GV o impulso na economia, infraetrutura, enquanto o presidente Lula chega com o Bolsa-Família.
Bolsa-Família – Atende e escraviza. Citou que há pessoas em Brasília que se dispõe a fazer um serviço doméstico, mas não aceitam ter carteira assinada para não perder o beneficio.
Eleições 2010 – Meu partido vai seguir com o PSDB. Ainda é cedo. Muita coisa ainda pode mudar, mas alguma coisa me diz que o quadro eleitoral do ano que vem não é esse que está colocado hoje.
Política linha dura e rejeição – A política de ordenamento urbano de gestão responsável da máquina pública contraria muitos interesses. O governador chegou a ter 58% de rejeição com a política linha dura implantada no Distrito Federal em sua gestão. De 44 secretarias, José Roberto Arruda fez um corte que sobram apenas 20 secretarias.
Hoje, num patamar mais confortável o governador do Distrito Federal está em números mais confortáveis, segundo pesquisa feita recentemente, 74% da população aprovam seu governo. Confortável, mas longe do que gostaria se simplesmente fosse o populista clássico e não contrariasse os interesses de ninguém.
José Roberto Arruda diz : é muito fácil no Brasil governar sem contrariar nenhum interesse. Você não constrói nada novo, mas todo mundo te ama.
Copa do Mundo – 2014 – O governador fala sobre os investimentos feitos na Capital Federal. Mas tudo será revertido para a modernização da cidade e para o beneficio da população.
Painel do Senado – Quando você está ali, no Senado, você pensa que é Deus. Eu reconheci o erro e paguei um preço muito alto por isso, que foi minha saída do Senado, recomecei do zero. O governador José Roberto Arruda cita a diferença entre o caso do Painel do Senado e Sarney. O que tem de diferente é que reconheci meu erro. E graças a esse reconhecimento consegui dar a volta por cima.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
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