BORIS CASOY, RUBENS RICUPERO E AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ
No dia 31 de dezembro de 2009, o Jornal da Band, no seu
encerramento, mostrou um grupo de garis desejando feliz ano novo para o povo
brasileiro. Sem saber que o áudio ainda estava aberto, o âncora Boris Casoy fez
o seguinte comentário: “Que merda, dois lixeiros desejando
felicidades do alto de suas vassouras. Dois lixeiros, o mais baixo da escala do
trabalho”. Essa infeliz declaração, carregada de preconceito,
circulou pelos principais sites e redes sociais da internet.
A repercussão foi tanta, que o jornalista viu-se obrigado a
pedir desculpas no ar. Mas o seu “pedido
de desculpas” foi motivo para mais críticas. Quando todos
esperavam por uma retratação pública, Boris Casoy veio com essa: “Ontem,
durante o programa, eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço
profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Mais
uma vez a repercussão foi negativa, mas, o jornalista manteve-se firme e, em
entrevista à Folha de São Paulo, lamentou apenas o fato do áudio ter vazado,
não a infeliz declaração.
O episódio protagonizado por Boris Casoy, foi muito parecido
com o caso conhecido como “Escândalo da Parabólica”, em que o áudio e as
imagens de uma conversa informal entre o Ministro Rubens Ricupero e o
jornalista Carlos Monforte (cunhado do Ricupero) foram captados por antenas
parabólicas e vazaram. Um militante do PT gravou em Brasília e distribuiu para
as tevês. Na conversa, o Ministro revelou várias manobras do governo Itamar
Franco para manipular a opinião pública e beneficiar a candidatura de Fernando
Henrique Cardoso. Desse episódio, ficou marcada uma frase dele: "Eu
não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
O interessante é que na cobertura do “Escândalo da
Parabólica” o então âncora do TJ Brasil (SBT), Boris Casoy, ironizou o
fato: “Satanás está à solta nas tevês brasileiras”. Uma
década e meia depois, o jornalista incorreria no mesmo erro. Os desafetos de
Boris Casoy, que sempre acentuaram a sua inclinação nitidamente direitista,
aproveitaram para relembrar antigas acusações feitas a ele. Segundo o
escritor Altamiro
Borges (A Ditadura da Mídia - Editora Anita Garibaldi), em 1968 a
Revista “O Cruzeiro” acusou Boris Casoy (na época estudante do curso de
jornalismo da Mackenzie) de ser militante do “CCC”,
o Comando de Caça aos Comunistas. Boris Casoy também carrega a mácula de ter
sido secretário de imprensa no governo biônico de Abreu
Sodré (SP) e assessor de imprensa do Ministério da Agricultura
no governo Médici, uma das fases mais negras da ditadura militar do Brasil.
Depois do episódio dos garis, o conhecido bordão do Boris
Casoy ecoou pelos quatro cantos (virtuais) da rede: “Isso é uma
vergonha!”. As voltas que o mundo dá!
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