domingo, 10 de janeiro de 2010

AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ !

Do blog Jornália do Ed
BORIS CASOY, RUBENS RICUPERO E AS VOLTAS QUE O MUNDO DÁ
No dia 31 de dezembro de 2009, o Jornal da Band, no seu encerramento, mostrou um grupo de garis desejando feliz ano novo para o povo brasileiro. Sem saber que o áudio ainda estava aberto, o âncora Boris Casoy fez o seguinte comentário: “Que merda, dois lixeiros desejando felicidades do alto de suas vassouras. Dois lixeiros, o mais baixo da escala do trabalho”. Essa infeliz declaração, carregada de preconceito, circulou pelos principais sites e redes sociais da internet.
A repercussão foi tanta, que o jornalista viu-se obrigado a pedir desculpas no ar. Mas o seu “pedido de desculpas” foi motivo para mais críticas. Quando todos esperavam por uma retratação pública, Boris Casoy veio com essa: “Ontem, durante o programa, eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Mais uma vez a repercussão foi negativa, mas, o jornalista manteve-se firme e, em entrevista à Folha de São Paulo, lamentou apenas o fato do áudio ter vazado, não a infeliz declaração.
O episódio protagonizado por Boris Casoy, foi muito parecido com o caso conhecido como “Escândalo da Parabólica”, em que o áudio e as imagens de uma conversa informal entre o Ministro Rubens Ricupero e o jornalista Carlos Monforte (cunhado do Ricupero) foram captados por antenas parabólicas e vazaram. Um militante do PT gravou em Brasília e distribuiu para as tevês. Na conversa, o Ministro revelou várias manobras do governo Itamar Franco para manipular a opinião pública e beneficiar a candidatura de Fernando Henrique Cardoso. Desse episódio, ficou marcada uma frase dele: "Eu não tenho escrúpulos: o que é bom a gente fatura, o que é ruim a gente esconde".
O interessante é que na cobertura do “Escândalo da Parabólica” o então âncora do TJ Brasil (SBT), Boris Casoy, ironizou o fato: “Satanás está à solta nas tevês brasileiras”. Uma década e meia depois, o jornalista incorreria no mesmo erro. Os desafetos de Boris Casoy, que sempre acentuaram a sua inclinação nitidamente direitista, aproveitaram para relembrar antigas acusações feitas a ele. Segundo o escritor Altamiro Borges (A Ditadura da Mídia - Editora Anita Garibaldi), em 1968 a Revista “O Cruzeiro” acusou Boris Casoy (na época estudante do curso de jornalismo da Mackenzie) de ser militante do “CCC”, o Comando de Caça aos Comunistas. Boris Casoy também carrega a mácula de ter sido secretário de imprensa no governo biônico de Abreu Sodré (SP) e assessor de imprensa do Ministério da Agricultura no governo Médici, uma das fases mais negras da ditadura militar do Brasil.
Depois do episódio dos garis, o conhecido bordão do Boris Casoy ecoou pelos quatro cantos (virtuais) da rede: “Isso é uma vergonha!”. As voltas que o mundo dá!
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