segunda-feira, 12 de abril de 2010

ENTREVISTA : LUIZIANNE LINS

Em entrevista a repórter Marcela Rocha do Terra Magazine a prefeita de Fortaleza e presidente estadual do PT, Luizianne Lins (foto) fala sobre a candidatura de Cid Gomes e alianças, e sobre os nós a serem desatados por seu partido e Ciro Gomes, que deseja carregar sua legenda na corrida ao Planalto.

Confira a íntegra da entrevista:

Terra Magazine - O deputado Eunício Oliveira do PMDB diz acreditar que o PT apoiará o candidato à reeleição ao governo do Ceará, Cid Gomes (PSB), mesmo que o PSDB também o faça. Existe a possibilidade de isso ocorrer?

Luizianne Lins - O PT tem tido uma forte unidade entre as correntes em algumas questões. Uma delas é a impossibilidade de um apoio formal ou informal ao PSDB. Ou seja, nós sequer cogitamos a hipótese de o PT sair numa coligação formal ou informal com os tucanos. Nós temos diferenças históricas com o PSDB no Ceará. Quando apoiamos o Cid em 2006 já confrontamos o PSDB. Tendo em vista que apostamos na candidatura de Cid, mostramos que queríamos quebrar a hegemonia do PSDB no Estado.

Como está o PSDB no Estado?

Desde 2004, o PSDB vem minguando no Estado. Só para você ter uma ideia, na minha reeleição, de 41 vereadores, apenas um é do PSDB. Para quem ficou 20 anos governando o Estado, isso é nada.

A senhora mencionou a unidade das correntes petistas. A qual a senhora pertence? Alguma das correntes em nível nacional tem pressionado para apoiar o PSB, independentemente do PSDB?

Democracia Socialista (DS), Mensagem ao Partido. De antemão, não quero trabalhar com essa hipótese. Em nenhum momento fui comunicada, até porque mantenho uma relação de amizade com o governador, de que haveria uma aliança com o PSDB. Nem o contrário disto. Vou trabalhar com a hipótese de que o PT é aliado prioritário. Quando o governador Cid era prefeito de Sobral, o vice era petista. Quando fui eleita em 2004, o PSB era prioritário. Em 2006, apoiamos Cid governador com o vice sendo petista. Ou seja, existe uma relação de aliança prioritária. Eu não cogito a possibilidade de existir a aliança PSB-PSDB. E mais, o PSB no Ceará sempre foi muito coerente e sempre à esquerda.

O senador Tasso Jereissati, que é muito próximo aos Gomes, afirmou que está muito perto de consolidar a aliança com o PSB. Isso é tática? Ou é real?

Se colar colou... Eu nunca ouvi isso do governador. Ouvir isso do Tasso demonstra a falta de candidatos do PSDB. Eles não têm um nome para candidato ao governo. Chegou num ponto que eles querem, por inércia, apoiar Cid Gomes. Eles não têm musculatura estadual para ter candidato a governador. Então, eles querem se escorar no aliado que o PT vem trabalhando e que é parte integrante do governo.

Quando a senhora foi eleita prefeita, não tinha o apoio do PT nacional, inclusive José Dirceu foi a Fortaleza fazer campanha para o candidato do PCdoB, o qual recebeu o apoio do partido da senhora. A senhora traçaria um paralelo entre a sua campanha e o que pode ser a campanha de Cid caso faça coligação com PSDB?

O PT já veio a Fortaleza, já se desculpou, somos todos amigos novamente... Estamos esperando a resolução definitiva do PSB, a candidatura ou não do Ciro à presidência da República. Ainda não houve o apoio do PSB nacional à candidatura da ministra Dilma Rousseff. Hoje o PCdoB fará um ato público para formalizar a candidatura dela. Não podemos ficar amarrados à conjuntura estadual para definir a nacional.

Ciro Gomes. Nada decidido...

O governador não se manifesta sobre o cenário estadual enquanto o nacional não for decidido. Portanto, estamos esperando. Não posso, como presidente estadual do PT e como prefeita da principal capital que o PT administra, deixar que o partido fique amarrado às negociações estaduais enquanto temos uma candidatura nacional para tocar.

O que o PT quer nessa aliança com Cid?

Tivemos uma reunião e assinamos uma resolução que prevê a candidatura do ministro Pimentel, de Eunício e apoio à candidatura de Cid com uma vaga na vice. Na mesma resolução, caracterizamos o PSDB como anti-Lula e pontuamos que não faremos nenhum tipo de aliança formal com os tucanos.

Se isto já está definido, por que adiar o encontro?

Adiamos o encontro para o dia 24 porque é preferível esperar do que anunciar uma aliança que pode ser alterada depois.

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