Do site do deputado federal, Fernando Gabeira
Os jornais de hoje desmentem o que eles próprios disserem há alguns dias: o Exército não vai permanecer sete meses no Complexo do Alemão, como se estivesse numa operação no Haiti. Tanto Lula como o Ministro Jobim afirmam que não dá para marcar prazos e as tropas sairão assim que as condições permitirem.
Isto não significa que as tropas sairão agora. Devem permanecer, prontas para voltarem aos quartéis.
Tudo isto está ligado também às Olimpíadas. Em termos numéricos, o Alemão está ocupando tantos soldados quanto os que estão nas 12 UPPs. O Rio tem condições, com a ajuda do Exército, de criar um cinturão de segurança em torno da área utilizada pela Olimpíada. Isto seria muito bom para nossa reputação. Mas tem suas desvantagens.
Volto ao velho tema da campanha eleitoral: mesmo com a ajuda do Exército, o cobertor é curto. Não temos apenas duas comunidades, como o Haiti, onde o Exército ocupa Bel-Air e Cité Soleil. Temos quase mil, e além disso a Baixada Fluminense e cidades médias do interior.
É preciso discutir o projeto de segurança das Olimpíadas e o projeto de segurança das pessoas que pagam imposto em todo o Estado. E é preciso também rediscutir o terrorismo. Não é mais uma atividade com lances de romantismo, como no princípio do Século XX.
Os personagens de Camus, em ‘Os Justos’ desistiam de jogar bombas na carruagem porque havia crianças viajando nela. O tamanho da diferença pode ser medido pela altura das Torres Gêmeas. Não só é preciso de uma lei antiterrorista como é preciso acionar toda a ajuda mundial para garantir a segurança adequada nas Olimpíadas.
Voltarei ao assunto nos próximos dias. O fato de Exército ter anunciado uma permanência longa e agora ter voltado atrás já indica alguma divergência sobre o que fazer. A ocupação do Complexo do Alemão foi realizada por força das circunstâncias, sem um planejamento adequado. Quando os holofotes forem desligados, vamos saber exatamente que tipo de política nos espera para os próximos meses.
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