Por Hanrrikson de Andrade, do UOL, no Rio
O prefeito do Rio de Janeiro e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), e o seu principal adversário na disputa, Marcelo Freixo (PSOL), protagonizaram um duelo repleto de acusações de "leviandade" durante o debate Folha/Rede TV, promovido na noite desta quarta-feira (5). Pela primeira vez, o peemedebista respondeu às afirmações do adversário sobre uma suposta ligação do governo municipal com as milícias.
Paes argumentou não ser necessário "pedir ficha de antecedentes criminais" para participar de reuniões em seu gabinete (em referência a uma fotografia que mostra o candidato à reeleição em uma mesa com milicianos), e afirmou que Freixo "deveria ler o seu próprio relatório" --referindo-se à CPI das Milícias, da qual o deputado estadual foi presidente--, ironizando o fato de um ex-candidato a vereador do PSOL ter sido identificado como um dos citados pela CPI das Milícias, na Assembleia Legislativa do Rio.
"É leviandade, sim. Tenho 20 anos de vida pública, uma vida limpa e correta. Ninguém aqui é perfeito, mas temos feito muita coisa na cidade. Isso é uma mistura de leviandade com desespero. Você sempre evoca o seu relatório da CPI para questionar as pessoas que estavam na sala com o prefeito. Pelo visto, nem eu e nem o seu partido temos o hábito de pedir antecedentes criminais", disse o prefeito.
"Fico impressionado porque o PSOL teve um candidato a vereador ligado às milícias. Outro dia você andou na Rocinha com uma vereadora que teve um assessor preso por se relacionar com o Nem", completou Paes, que já sido associado às milícias pelo adversário na Sabatina Folha/UOL, na semana passada.
No debate, Freixo voltou a ligar o atual chefe do Executivo carioca ao crescimento das milícias. Segundo o candidato do PSOL, ao falar do transporte alternativo na cidade, a relação do governo municipal com os grupos paramilitares "é profunda". "No transporte alternativo, a relação das milícias com a prefeitura é profunda. Esse é o principal braço econômico da milícia e a prefeitura tem responsabilidade sobre esse crescimento", afirmou.
"Esse é um bom debate. As milícias não cresceram sozinhas. Todo miliciano é dono de centro social, e muitos tem parceria com a Prefeitura do Rio. A milícia é uma máfia: eles estabelecem o domínio territorial com um projeto de ocupar o espaço eleitoral. Eles ajudaram a eleger muita gente, é uma máfia com projeto de poder. Basta ver que eles têm bases na Câmara", disse.
Relação com a Delta
Paes também afirmou durante o debate Folha/Rede TV! que não há irregularidades nos contratos sem licitação firmados pelo governo municipal com a Delta Construções, empresa que é alvo da investigação de uma CPI em Brasília. O peemedebista argumentou que a maioria desses contratos foi feita em função das enchentes de abril de 2010.
"Todos esses contratos foram feitos de forma muito transparente. Foram contratadas inúmeras empresas logo após a enchente de 2010, que afetou a cidade e os investimentos. Tenho muita tranquilidade com os contratos do município. A prefeitura contratou a Delta como contratou várias outras. São mais de mil empresas fazendo obras", disse.
Questionado pelos jornalistas sobre o silêncio do empreiteiro Fernando Cavendish, ex-proprietário da Delta Construções, Paes respondem em tom de irritação:
"Tem que perguntar para ele. Se o empreiteiro ficou calado, o problema é dele. Ele que toque a vida dele. Compete a ele explicar os pecados que cometeu ou não na CPI".
Leite no ataque
O candidato do PSDB à Prefeitura do Rio, Otávio Leite, que ocupa o quarto lugar na corrida eleitoral segundo pesquisa do Ibope (3% das intenções de voto), adotou uma estratégia ofensiva em relação ao candidato do PSOL, Marcelo Freixo, considerado o principal adversário de Paes para um possível segundo turno. No primeiro bloco, os dois trocaram farpas em temas como tributos e gestão da saúde.
Leite abriu o debate perguntando para Freixo sobre uma de suas propostas sobre o IPTU no Rio. Segundo a argumentação do Tucano, o adversário pretende elevar o valor do tributo. Freixo rebateu a crítica do pleiteante do PSDB ao afirmar que ele estava com problemas de "leitura e aprendizagem".
"A nossa proposta é a de revisar todas as tarifas. É muito caro viver no Rio, principalmente por causa da especulação imobiliária e dos imóveis vazios", afirmou.
Em suas considerações finais, no quinto bloco, o Tucano voltou a alfinetar o adversário: "Não transferi o meu título há um ano só para ser prefeito da cidade", disse Leite, referindo-se ao fato de Freixo ter transferido seu título de Niterói para o Rio no ano passado.
Maia defende o pai
Já Rodrigo Maia (DEM) foi incisivo ao defender a gestão do pai, o ex-prefeito César Maia (DEM), atualmente candidato a vereador.
Questionado pelo atual prefeito e candidato à reeleição, Eduardo Paes (PMDB), sobre a situação da educação e o fim da aprovação automática (implementada na gestão do pai de Rodrigo Maia), o candidato do DEM respondeu:
"Você nega o seu passado. Você troca de partido e também troca de ideias. Você não tratava assim o ex-prefeito César Maia."
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