Dizer tolices é um direito que assiste a qualquer cidadão.
Já esperar que sejam bem aceitas sinaliza desrespeito ao discernimento alheio.
Pode reclamar à vontade quem quiser se queixar do Supremo
Tribunal Federal, embora o problema de certos cavalos de batalha seja a falta
de cavalos e de batalha a ser travada.
O capitão do time dos condenados no processo do mensalão,
José Dirceu, por exemplo, de novo diz que "é hora de ir para as
ruas". Desta vez, pedindo reforço à posição do presidente da Câmara, Marco
Maia, que até o dia da conclusão do julgamento dizia-se disposto a "não
entregar" os mandatos dos deputados condenados ao STF.
Pelo visto ficará de mãos abanando. Maia pontuou seu
inconformismo, mas o fez em tom consideravelmente mais baixo. Inclusive porque
o Supremo não está pedindo que lhe seja entregue coisa alguma.
Apenas declarou que a suspensão dos direitos políticos
decorrente da condenação criminal gera a perda da prerrogativa parlamentar a
partir da sentença transitada em julgado.
Algo ainda sem data para acontecer. A questão, portanto, não
está posta. Até porque a decisão pode ser mudada, pois o resultado de 5 a 4
permite a apresentação de embargo infringente, cujo exame será feito com a
composição completa da Corte: haverá dois votos a mais em jogo.
Mas, se o Parlamento considerar que daqui até lá a
convivência com condenados à prisão vale uma missa, que ajoelhe e reze em
atenção a Valdemar da Costa Neto, Pedro Henry, João Paulo Cunha e José Genoino
- se vier a assumir a vaga do prefeito eleito de São José dos Campos.
Problema nenhum. Só arrume um argumento consistente para
explicar à sociedade suas razões. Aproveite o ensejo para se consultar com José
Dirceu sobre a melhor maneira de mobilizar multidões Brasil afora na defesa de
tão nobre interesse.
Dada a impossibilidade de êxito, custa a crer que o
Congresso vá construir uma crise para atender às conveniências do PT, que há tempos
está atrás de criar um conflito qualquer.
Mexeu daqui e dali, mas conseguiu criar clima de
conflagração. Não teve sucesso nem entre os próprios companheiros. O Diretório
Nacional do partido chegou à conclusão de que não valeria a pena manifestar-se em
repúdio ao Supremo.
Os adeptos do confronto combatem ao vento. Pelo simples e
nítido fato de que não têm razão. No geral está muito bem compreendido que não
houve nenhuma afronta ao Estado de Direito nos últimos quatro meses e meio.
Agressão à legalidade é se cogitar da organização de
movimentos de desacato à autoridade constitucional do Supremo Tribunal Federal.
Um raciocínio golpista que felizmente não reúne adeptos suficientes para se
transformar de pensamento em ação.
O que aconteceu de agosto para cá foi visto como inusitado,
porque o STF contrariou todas as expectativas e cumpriu o seu papel. Impôs uma
derrota ao descrédito, à desesperança, impôs um freio na dissolução de valores,
quebrou a cadeia do ceticismo, sacudiu o Brasil em sua apatia.
Se isso representa um momento passageiro ou se é um rito de
passagem depende da compreensão das demais instituições e do nem sempre
respeitável público de que é preciso cada qual fazer a sua parte.
Perda total. Não corresponde à realidade se atribuir vitória
à oposição no fim indigente da CPI do Cachoeira. Típico caso em que todos foram
derrotados, notadamente o instrumento das comissões parlamentares de inquérito.
Recebeu farto material da Polícia Federal e devolveu o que
recolheu por meio de quebras de sigilo ao Ministério Público e à PF, sem
apontar um fato novo.
Se suas excelências queriam patrocinar um "salvaram-se
todos", conseguiram produzir um afundamento (na lama) coletivo.
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