Por Ricardo Chapola, O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Entrevistado pela apresentadora Marília
Gabriela, no SBT, na madrugada desta segunda-feira, 27, o cantor Amado Batista
comparou a tortura que sofreu durante a ditadura militar a um "castigo de
criança" e disse ainda que não achou errada a decisão dos repressores de
tê-lo torturado.
"Eu acho que quando uma criança cospe na sua cara,
chuta sua canela, o que o pai deve fazer? Não deve corrigir? Então, eu estava
fazendo a mesma coisa, que não era uma coisa correta", afirmou. Em
seguida, o cantor disse que considerou a tortura um bom corretivo.
Amado Batista afirmou ter sido torturado porque, na época,
trabalhava em uma livraria e permitia que professores procurados pelos
militares lessem livros proibidos naquele período. Além disso, disse que um
deles teria lhe dado uma procuração para receber um salário enquanto estivesse
foragido no Maranhão. O cantor contou na entrevista que tomou choque e foi
ameaçado de morte.
"Eu acho que eu não tinha de estar contra, brigando
contra o governo. O governo estava nos defendendo de pessoas que estavam
querendo tomar o País à força, com armas nas mãos."
A resposta do cantor causou espanto à entrevistadora.
"Você está louco, Amado?", disse Marília Gabriela. "Você está
louco. Você saiu perdido, sofreu tortura física..."
"Mas eu estava errado", respondeu o cantor.
"Eu acho que estava errado. Eu estava acobertando talvez pessoas que
estavam querendo tomar esse País à força", reforçou o cantor.
Amado declarou que não vai acionar a Comissão da Verdade,
instaurada desde abril do ano passado para investigar os casos de repressão na
ditadura militar, para tentar encontrar quem o torturou. O cantor foi procurado
pelo Estado, mas não se pronunciou sobre suas declarações até o fechamento
desta edição.
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