Por Lindinéia Lima especial para o blog Sou Chocolate e Não Desisto
Dilma tinha razão. Antônio Patriota, não era pulso firme o
suficiente. Embora a última patriotada tenha precipitado a sua queda, ela era
eminente. Dizem nos bastidores do poder que as discordâncias entre a presidenta
e o ex-ministro das relações exteriores eram frequentes. Entre outras coisas,
ela se irritava com a pouca utilidade de algumas das viagens que ele julgava
necessárias. Mas, o perfil discreto e contido do embaixador, o salvo-guardou
até os últimos acontecimentos.
Dilma nunca teve lá muito apreço por essa diplomacia e, a
detenção do brasileiro David Miranda em Londres, companheiro do jornalista
americano Glenn Greenwald, correspondente do jornal The Guardian responsável
por tornar pública a denúncia de Edward Snowden sobre o programa de espionagem
dos Estados Unidos, por mais de nove horas e ainda ter aparelhos eletrônicos
confiscados, acentuou a crise entre os dois. Sem contar a entrada da Venezuela
no Mercosul, à revelia do Itamaraty e
também na Rio+20, quando Dilma não quis discursar na abertura do evento, sendo
persuadida a realizar pelo chanceler despois de uma grave discussão entre
ambos.
Mas gota d’água mesmo foi a o caso do senador boliviano
Roger Pinto Molina, que chegou ao Brasil no último dia (24), como asilado, elegendo perseguição
politica. Molina é um dos principais opositores do governo de Evo Morales.
Morales por sua vez, alega que o pedido de asilo ao Brasil é estratégia para
não responder pelo crime de corrupção a qual está submetido pelo desvio de em
cerca US$ 1,7 milhões naquele pais. A casa de patriota caiu, ele teve de pedir
pra sair.
O senador estava preso na há quase dois anos numa cela da
embaixada Brasileira na Bolívia. Foi ai
que entrou em cena a benevolência do brasileiro. O Diplomata Edurdo Saboia, que
chegou a comparar a situação do politico com uma vitima do DOI- CODE, principal órgão de repressão da ditadura
militar brasileira comparação, rechaçada
com veemência apela presidente Dilma,
foi o responsável pela operação de fuga sem o consentimento do Itamaraty. Episódio
considerado pela presidente como quebra
de hierarquia, já que tinha vetado a entrada de
Roger Pinto Molina no Brasil sem salvo-conduto para deixar o território
boliviano.
Os brasileiros tratam América do Sul como uma extensão do
nosso quintal. E ainda condenam algumas ações dos americanos. Por vezes, nós somos para a América Latina o
que os Estados Unidos são para alguns países. Só nos falta a potência dos canhões. A minha duvida é: Será que se este
senador tivesse os olhinhos puxados, estilo índio, tipo boliviano, teria
comovido tanto as nossas autoridades¿
Os argumentos do deputado capixaba de saúde fragilizada e
que poderia vir a morrer de depressão são
até comoventes, embora acredito
que a situação dos milhares de outros bolivianos que tentam entrar, legalmente,
no Brasil todos os dias e a forma como são tratados pelas autoridades aduaneiras, é muito mais
comovente.
E aos bons samaritanos que acham que o Itamaraty fez
tempestade com um copo dágua, não precisar ir tão longe e nem necessitar de
carros de embaixadas, dirijam tão somente aos cortiços do Bom Retiro, Brás e Pari no centro de São
Paulo. Lá encontraremos bolivianos em situações sub-humanas. Não estão depressivos, pois não têm e espaço
tempos para isso. São escravizados pela
nossa elite. Trabalham mais de 16 horas por dias e vivem em condições
degradantes. Esses não chegaram de carro oficial com escolta. Vieram a pé ou de
canoa. Fugindo de um pais, que figura na 113ª posição no ranking do Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU e, só então, falaremos de direitos humanos.
E, se ainda assim, a chancelaria e diplomacia brasileira não
se convencerem, voltem à Paz de Westphalia que resumidamente outorga, “Garantir
o direito de cada Estado manter seu regime e religião, sem interferência
externa”. O nosso problema é que nunca gostamos de índios. Índios não podem ou
devem ter voz ativa. Só são nossos ancestrais por uma mera questão geográfica.
E as regras da boa convivência adverte: Evite patriotadas.
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