quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A PATRIOTADA

Por Lindinéia Lima especial para o blog Sou Chocolate e Não Desisto
Dilma tinha razão. Antônio Patriota, não era pulso firme o suficiente. Embora a última patriotada tenha precipitado a sua queda, ela era eminente. Dizem nos bastidores do poder que as discordâncias entre a presidenta e o ex-ministro das relações exteriores eram frequentes. Entre outras coisas, ela se irritava com a pouca utilidade de algumas das viagens que ele julgava necessárias. Mas, o perfil discreto e contido do embaixador, o salvo-guardou até os últimos acontecimentos.
Dilma nunca teve lá muito apreço por essa diplomacia e, a detenção do brasileiro David Miranda em Londres, companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald, correspondente do jornal The Guardian responsável por tornar pública a denúncia de Edward Snowden sobre o programa de espionagem dos Estados Unidos, por mais de nove horas e ainda ter aparelhos eletrônicos confiscados, acentuou a crise entre os dois. Sem contar a entrada da Venezuela no Mercosul, à revelia do Itamaraty  e também na Rio+20, quando Dilma não quis discursar na abertura do evento, sendo persuadida a realizar pelo chanceler despois de uma grave discussão entre ambos.
Mas gota d’água mesmo foi a o caso do senador boliviano Roger Pinto Molina, que chegou ao Brasil no último dia  (24), como asilado, elegendo perseguição politica. Molina é um dos principais opositores do governo de Evo Morales. Morales por sua vez, alega que o pedido de asilo ao Brasil é estratégia para não responder pelo crime de corrupção a qual está submetido pelo desvio de em cerca US$ 1,7 milhões naquele pais. A casa de patriota caiu, ele teve de pedir pra sair.
O senador estava preso na há quase dois anos numa cela da embaixada Brasileira na Bolívia.  Foi ai que entrou em cena a benevolência do brasileiro. O Diplomata Edurdo Saboia, que chegou a comparar a situação do politico com uma vitima do DOI- CODE,  principal órgão de repressão da ditadura militar brasileira comparação,  rechaçada com veemência apela presidente Dilma,  foi o responsável pela operação de fuga sem  o consentimento do Itamaraty. Episódio considerado pela presidente  como quebra de hierarquia, já que tinha vetado a entrada de  Roger Pinto Molina no Brasil sem salvo-conduto para deixar o território boliviano.
Os brasileiros tratam América do Sul como uma extensão do nosso quintal. E ainda condenam algumas ações dos americanos.  Por vezes, nós somos para a América Latina o que os Estados Unidos são para alguns países. Só nos falta a potência dos  canhões. A minha duvida é: Será que se este senador tivesse os olhinhos puxados, estilo índio, tipo boliviano, teria comovido tanto as nossas autoridades¿
Os argumentos do deputado capixaba de saúde fragilizada e que poderia vir a morrer de depressão são  até  comoventes, embora acredito que a situação dos milhares de outros bolivianos que tentam entrar, legalmente, no Brasil todos os dias e a forma como são tratados  pelas autoridades aduaneiras, é muito mais comovente.
E aos bons samaritanos que acham que o Itamaraty fez tempestade com um copo dágua, não precisar ir tão longe e nem necessitar de carros de embaixadas, dirijam tão somente aos cortiços do  Bom Retiro, Brás e Pari no centro de São Paulo. Lá encontraremos bolivianos em situações sub-humanas.  Não estão depressivos, pois não têm e espaço tempos para isso.  São escravizados pela nossa elite. Trabalham mais de 16 horas por dias e vivem em condições degradantes. Esses não chegaram de carro oficial com escolta. Vieram a pé ou de canoa. Fugindo de um pais, que figura na 113ª posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU e, só então, falaremos de direitos humanos.
E, se ainda assim, a chancelaria e diplomacia brasileira não se convencerem, voltem à Paz de Westphalia que resumidamente outorga, “Garantir o direito de cada Estado manter seu regime e religião, sem interferência externa”. O nosso problema é que nunca gostamos de índios. Índios não podem ou devem ter voz ativa. Só são nossos ancestrais por uma mera questão geográfica. E as regras da boa convivência adverte: Evite patriotadas.
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