Se você conseguir visualizar o processo legislativo como um
ovo, poderá entender melhor o que está acontecendo na Câmara. Reza o brocardo
que não dá para fazer omelete sem quebrar os ovos.
Na semana passada, ao salvar o mandato do
deputado-presidiário Natan Donadon, os deputados informaram à plateia que não
estão nem aí para a omelete. No escurinho do voto secreto, gostam mesmo é do
crec-crec dos ovos quebrando.
O problema é que o excesso de desfaçatez, o chute a mais às
vezes estilhaça os ovos. Do povo. Quando isso ocontece, entra em cena a moral
da sobrevivência. Depois da barbárie, a contrição.
Ao aprovar por unanimidade a emenda constitucional que
extingue o voto secreto em todas as votações do Parlamento, os deputados tentam
provar a si mesmos que é possível desfritar um ovo.
Desengavetada após sete anos de esquecimento, a emenda do
voto aberto vai ao Senado. Quer dizer: a cozinha permanece aberta. E a louça
suja continua na pia. Se os congressistas ensinaram alguma coisa ao eleitor é a
não esperar nenhum tipo de arrependimento altruísta. Melhor não acreditar 100%
na hipótese de o Senado devolver o ovo ao interior da galinha.
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