Por Felipe Patury, João Gabriel de Lima e Helio Gurovitz, da
Época
Eduardo Campos será pai. O nascimento de seu quinto filho
está previsto para fevereiro do ano que vem. Ele deverá se chamar Miguel –
mesmo nome do bisavô, Miguel Arraes, que iniciou Eduardo na política. Além de
Miguel, 2014 promete trazer outras emoções para o governador de Pernambuco. O
mesmo Campos que declarara apoio à presidente Dilma Rousseff nas eleições de
2014 entrou com tudo na corrida pelo Planalto, desde que Marina Silva resolveu
apoiá-lo com sua Rede. Em entrevista a ÉPOCA para a série Líderes Brasileiros,
ele discorre sobre suas ideias para o país e sobre política. “Quem apostar em
algum problema entre mim e Marina vai perder. É melhor não apostar caro, para
não perder muito.”
ÉPOCA – O senhor é ou será candidato à Presidência?
Eduardo Campos – O PSB e a Rede apresentarão uma proposta ao
Brasil de um caminho alternativo, que possa garantir as conquistas que tivemos
nas últimas décadas, mas que possa remeter o Brasil a um longo ciclo econômico,
com visão social, um novo ciclo de desenvolvimento sustentável, com inclusão,
que possa garantir melhoria na qualidade vida do povo brasileiro, com serviços
públicos mais eficientes e que possam contemplar a demanda que está posta na
vida pública brasileira por essa melhoria.
ÉPOCA – O senhor será o candidato do PSB ou existe a
possibilidade de haver outro candidato?
Campos – Tomamos uma decisão. Vamos trabalhar o conteúdo
dessa aliança, envolvendo a sociedade civil, o movimento social, a academia – e
manter exatamente aquilo que a Marina eu colocávamos sempre: a decisão sobre a
candidatura virá em 2014. Marina e eu estaremos juntos, levando esse conteúdo
para todo o Brasil e à sociedade brasileira. Quem apostar que haverá algum
problema entre mim e Marina vai perder. É melhor não apostar caro, para não
perder muito.
ÉPOCA – O senhor apoiou o PT e disse que estaria com Dilma
em 2014. O que o levou a mudar e a tentar criar uma alternativa?
Campos – Essa reflexão já vínhamos fazendo desde 2010,
quando nós e o PSB discutíamos uma candidatura alternativa para um encontro no
segundo turno com outra hegemonia, outra pactuação. No ano da eleição, vimos
que havia a possibilidade de vencermos no primeiro turno. Sacrificamos uma
candidatura própria do PSB e fomos para uma aliança com PT e PMDB, sob a
coordenação do presidente Lula. E a eleição não foi resolvida no primeiro
turno. Tivemos um debate superpobre do ponto de vista de conteúdo, que
descambou mais para o eleitoral que o político, mais para o marketing que para
a discussão da essência. Nosso partido tem 60 anos e ele já surgiu exatamente
pela inquietação de intelectuais que se colocavam contra a posição gerada pela
Guerra Fria: a esquerda liderada pelos comunistas, de outro lado os liberais,
como se não houvesse nenhum outro caminho alternativo. Esse ato que
consolidamos no sábado, uma aliança programática do PSB com a Rede, é um fato
que ajuda a oxigenar a política, a fazer o debate de conteúdo. Não é contra
quem quer que seja. É a favor da boa política, do Brasil e, sobretudo, da
cidadania, para que ela tenha alternativas.
ÉPOCA – O período do PT se esgotou?
Campos – O Partido dos Trabalhadores – onde tenho amigos que
pretendo preservar, como tenho no PSDB – precisa passar por um processo de
inovação. A maior prova disso foi dada em 2010, quando a candidata foi a
presidente Dilma Rousseff. Ali, já estava claro que o PT precisava renovar seus
quadros e práticas. Dilma não é uma petista tradicional de origem. Se foi ela a
candidata, é porque não havia nos quadros do PT quem cumprisse aquele papel.
ÉPOCA – O senhor acha que Dilma poderia ter aproveitado
melhor sua chance no governo?
Campos – Essa é uma análise que a história fará. A gente
falará muito sobre isso em 2014 – e, sobretudo, o povo poderá falar sobre isso
em 2014.
ÉPOCA – Dilma perdeu a aura da ética?
Campos – É uma resposta que só o tempo dará. Ela é séria e a
respeito. Mas é um erro político essa manutenção da coalizão onde as forças
mais atrasadas e conservadoras passaram a ser o centro. Isso aconteceu em 2005,
numa crise política em que o Lula teve de ampliar sua base. Há um
aprofundamento dessa aliança para o centro e para o campo conservador. É um
erro político.
ÉPOCA – O senhor se refere ao PMDB?
Campos – Sim. Mas não todo o PMDB. Tem o PMDB do Pedro
Simon, tem o PMDB do Jarbas Vasconcelos, esse PMDB é outra coisa. Falo do
núcleo que hoje comanda o PMDB.
ÉPOCA – Quais seriam três prioridades de um governo do PSB e
da Rede?
Campos – Uma prioridade central é a qualidade de vida das
pessoas. A sustentabilidade nada mais é que uma releitura, no século XXI, do
que é o socialismo democrático, o desejo das pessoas de viver sob os valores da
ética, dos direitos humanos, do respeito à diversidade. Há um grande desejo da
população brasileira de melhorar a qualidade de vida. Uma prioridade central
que responde à qualidade de vida e à questão econômica é ter uma educação
efetivamente de qualidade, como direito de cidadania brasileira. Educação não é
uma política pública em que você possa imaginar que terá resultados de curto
prazo. Aí vem a diferença da aposta nesse caminho. É pensar o Brasil além da
eleição, o Brasil da próxima década. Outra questão é garantir as conquistas que
tivemos. A conquista democrática, que nos impõe melhoria da qualidade da
política para melhorar as instituições, aproximando o Brasil real do Brasil
oficial. A conquista da estabilidade, um patrimônio com que não podemos
brincar. Se tivermos um problema sério na economia, a vida de uma legião de
brasileiros – que adquiriram suas televisões, pagam prestações da casa própria,
compraram motocicletas – pode se complicar.
ÉPOCA – Suas três prioridades seriam, então: qualidade de
vida, educação e garantir as conquistas?
Campos – Isso.
ÉPOCA – O senhor falou em educação. Pernambuco criou um
sistema que paga bônus a professores que cumprem metas. No Rio de Janeiro, o
prefeito Eduardo Paes enfrenta uma greve, entre outras coisas, porque quer
implantar algo parecido. Na Presidência, o senhor faria um programa de
meritocracia semelhante?
Campos – Não é só colocar remuneração variável. É preciso
haver valorização do professor, com plano de cargos, carreiras e vencimentos.
Que diferencie quem faz especialização, que prestigie quem faz mestrado e
doutorado, que possa abrir a possibilidade de o professor fazer reciclagem e
capacitação continuada. Não posso substituir salário pela remuneração variável.
Seria uma agressão ao bomsenso e ao professorado. É preciso haver salário e
carreira para que o professor possa crescer. E ele tem de ter o bônus.
ÉPOCA – O professor ganha mal no Brasil?
Campos – Ganha mal. Acumulou-se a gestão malfeita no
passado, e muitos lugares ficaram condenados a remunerar mal. Se houver diálogo
com os professores, e se houver disposição, construiremos uma travessia de
resgate de autoestima, fundamental para o resultado no aprendizado. Se o
professorado ficar deprimido, não haverá resultado.
ÉPOCA – O que o senhor acha das cotas?
Campos – Elas vêm apresentando resultados no Brasil. Temos
um quadro social muito duro no país. Há um desequilíbrio no acesso à educação
de qualidade, quando se compara o filho de um trabalhador do sertão ao filho de
um trabalhador da classe média urbana. Se não houver mecanismos de induzir,
permitir que os estudantes em situação social mais dura tenham incentivo para
chegar à universidade pública, será reproduzido um quadro de desequilíbrio.
Precisamos de cotas hoje, porque vivemos numa sociedade com muito desequilíbrio
social.
ÉPOCA – Inclusive cotas raciais?
Campos – Cotas raciais e cotas sociais. Pelas marcas da
escravidão. Venho de um lugar marcado culturalmente pela casa-grande e a
senzala. Sei o que é essa figura.
ÉPOCA – Como criar no Brasil uma saúde pública de qualidade?
Campos – Ou começamos o debate da saúde pela saúde ou
tentaremos cuidar da doença, não da saúde. Fortalecer a atenção básica é
estratégico. Para cuidar de 90% da população, a saída é essa. Existe também um
subfinanciamento. A União vem se retirando do gasto na saúde. Em 1988,
colocava-se 75%, hoje são menos de 50%. Para compensar, entram recursos dos
municípios e dos Estados.
ÉPOCA – O senhor acha que a União deveria voltar a gastar
mais na saúde? Como financiar isso?
Campos – A União precisa elevar o gasto, num processo de
longo prazo, como está em discussão no Congresso agora.
ÉPOCA – O senhor usa o sistema de saúde pública?
Campos – Já tive experiência de ser atendido em emergência.
Já como governador, tive um processo alérgico, estava próximo de um hospital
público, e fui lá. Mas tenho seguro-saúde, o mesmo há 20 anos.
ÉPOCA – O que o senhor acha da importação dos médicos
cubanos?
Campos – Importamos médico hoje, porque não formamos ontem
no Brasil. No meu Estado, quando fiz um levantamento há três anos, vi que as
vagas do curso de medicina nas universidades federais e estaduais eram menores
que nos anos 80. Abri em Pernambuco dois cursos de medicina. Um no Agreste e
outro no Sertão. Eles não terão impacto enquanto eu for governador, e sim daqui
a dez anos. Durante algum tempo, se fecharam cursos de medicina Brasil afora.
Há cidades com 15 mil ou 20 mil habitantes sem médico. Coloque-se numa cidade
dessas, com um filho com crise de asma, uma mãe com desequilíbrio de diabetes
ou pressão arterial elevada. Existe essa realidade, e é preciso enfrentá-la.
ÉPOCA – Qual sua opinião sobre as privatizações, no governo
FHC e no governo Dilma? Como trataria a questão?
Campos – Não tenho preconceito com iniciativa privada, nem
com Parcerias Público-Privadas, concessões. Não temos no orçamento fiscal
brasileiro a capacidade de alavancar os investimentos, como a realidade exige.
Temos de chamar a parceria da iniciativa privada. E ela não fará por
filantropia uma rodovia, um porto, um aeroporto, uma linha de metrô. Fará para
ganhar dinheiro. Precisamos garantir um ambiente que passe confiança e nos
ajude a ter investimentos em áreas que melhorem a qualidade de vida e a
produtividade da economia.
ÉPOCA – O governo atual errou em relação a isso?
Campos – O governo demorou a adotar o caminho das concessões
e das Parcerias Público-Privadas. E, quando tomou a decisão de ir, não passou
segurança aos agentes. Parecia que havia algo mal resolvido, um certo
preconceito, um intuito de intervir no negócio do concessionário. O governo meio
que fez, mas fez desconfiado. Fez, mas fez como se quisesse continuar como se
fosse público. Isso teve consequências.
ÉPOCA – Isso significa que precisa haver capitalismo dentro
do socialismo do PSB?
Campos – Sim.
ÉPOCA – O Brasil sofre com a armadilha de crescimento baixo.
Da nossa riqueza, 40% vão para a máquina estatal. O que fazer?
Campos – O fundamental é desenhar o caminho estratégico.
Teremos uma caminhada de uma década. Nessa caminhada, ajustaremos distorções
que existem e compatibilizaremos as políticas fiscais e econômicas, num caminho
em que passaremos confiança aos agentes econômicos. Há no Brasil mais uma crise
de confiança do que uma crise econômica. Os fundamentos econômicos poderiam
estar melhores? Sim, mas já estiveram piores. O importante é passar para a
sociedade com clareza que há um projeto discutido, de longo prazo, que juntará
boas ideias e boas pessoas. Isso conquista a primeira batalha: a batalha da
confiança.
ÉPOCA – O senador Aécio Neves diz que, se eleito, reduziria
o número de ministérios de 40 para 22. Temos ministérios demais?
Campos – Isso virou um símbolo para qualquer presidente novo
que chegar. Ele terá de reduzir. Mas não resolve a questão fiscal. Pode ajudar
a resolver a gestão. Se ele disse 22, posso dizer 20. Agora, se ficar por aí,
não resolveu nada. É só um slogan, uma jogada de marketing. Precisa ir adiante.
Criar indicadores de impacto na gestão, remuneração variável no serviço
público, premiação para quem cumpre meta e orçamento. São ideias que já existem
em prefeituras e Estados e a União precisa incorporar.
ÉPOCA – No mundo globalizado, quais são nossas forças? Onde
devemos investir?
Campos – A gente precisa apostar na inovação. Melhorar onde
somos bons. Podemos ter excelência em energia, temos condição de manter uma
matriz energética limpa e renovável. Temos de seguir aumentando nossa
produtividade como resposta à visão atrasada de que o agronegócio pode se
sustentar por seu expansionismo. Ele se sustentará pelo que tiver de
tecnologia, inovação e compatibilidade com a questão ambiental. Precisamos
buscar inovação em setores da nossa indústria, porque não podemos ser o país só
da agricultura e da exportação de commodities. Temos de fazer apostas em
setores que serão fundamentais.
ÉPOCA – Marina Silva sempre teve uma relação difícil com o
agronegócio. Como o PSB lidará com esse setor?
Campos – Não podemos ter preconceitos com setores. Há
fábricas que poluem e as que não poluem. Há empresas na área de serviços que
respeitam a regra na relação trabalhista e as que não respeitam. No
agronegócio, tem gente com cabeça do século XX ou XIX e tem muita gente no
século XXI. Esses serão nossos interlocutores. É preciso ficar claro que o
caminho para melhorar a produtividade não é derrubar Mata Atlântica, Floresta
Amazônica, mata ciliar, entrar em reserva legal. O caminho é levar e agregar
conhecimento. No agronegócio brasileiro há grandes empreendedores, pessoas
completamente sintonizadas com isso.
ÉPOCA – No Brasil, o empresário gosta de pedir dinheiro e
desonerações ao governo. Como o senhor trataria isso num eventual governo PSB e
Rede? Diria não aos empresários?
Campos – Quem governa, antes de aprender a dizer “sim”, tem
de aprender a dizer “não”. Se não, não governa. Nos últimos meses, assistimos à
desoneração de quase R$ 70 bilhões, e você não encontra um único segmento do
empresariado brasileiro aplaudindo isso. Todos continuam reclamando. E alguns
achando que não foram atendidos. Precisamos ter esse olhar em perspectiva para
a construção de algumas apostas.
ÉPOCA – Para ampliar a inovação, como casar o conhecimento
com o investidor?
Campos – Discutimos isso quando eu estava no governo do
presidente Lula. Fizemos o debate da inovação há dez anos. FHC passou sete anos
tentando fazer a lei da inovação. Precisamos tornar a inovação um conceito
sistêmico para o governo. Na hora de dar um incentivo fiscal e de oferecer o
crédito, de fazer as apostas na infraestrutura, isso tudo tem de ser destinado
a quem está efetivamente inovando. Essa busca tem de estar em todos os setores,
o próprio serviço público tem de buscar inovação. É preciso que essa pactuação
seja de todos.
ÉPOCA – Qual sua opinião sobre o casamento gay?
Campos – É uma questão resolvida e bem resolvida pela
Justiça brasileira. A suprema corte do Brasil foi lá e resolveu o que o
Congresso Nacional não resolveu. Não só a união civil, como a questão
previdenciária.
ÉPOCA – Aborto?
Campos – A legislação que está aí é a que o Brasil pode ter
neste momento.
ÉPOCA – Descriminalização das drogas leves, como a maconha?
Campos – Não é o caso ainda no Brasil, neste momento.
ÉPOCA – Por quê?
Campos – Porque vivemos uma epidemia do crack. Precisamos
romper essa epidemia com outros mecanismos para abrir um debate dessa natureza.
ÉPOCA - Marina disse que, a pretexto de combater a
“homofobia”, havia o risco de surgir uma intolerância religiosa, a
“cristofobia”. Qual sua opinião sobre isso?
Campos – Garantir direitos da fé é defender a Constituição.
Tenho minha religião, mas nunca a trouxe para o debate político. Sou católico,
mas nunca professei minha fé naquilo que estou discutindo aqui. É algo que me
diz respeito.
ÉPOCA – O senhor é praticante?
Campos – Sou.
ÉPOCA – Vai à missa todo domingo?
Campos – Não. Minha agenda... mas tenho família de formação
cristã.
ÉPOCA – O senhor foi criticado por ter mais de 20 parentes
empregados no governo de Pernambuco. Outra acusação diz respeito a uma punição
no Conselhinho do Banco Central, por uma questão envolvendo precatórios. Como
lidará com elas?
Campos – Com muita tranquilidade. O primeiro Estado na
federação que teve uma lei de nepotismo foi Pernambuco. Pelo fato de me eleger
governador, não tenho como demitir do serviço público primos de minha mulher ou
primos meus, filhos de pessoas de minha família, aprovados em concurso. Eles
são servidores públicos. Agora, em relação ao Conselhinho (do Banco Central), é
uma questão estapafúrdia, já suspensa por decisão judicial. O Supremo analisou
a questão e, por unanimidade, depois de toda a investigação no Congresso,
Ministério Público Federal, imprensa, meus adversários, me julgou (inocente). E,
depois de o Supremo me julgar, fui julgado pelos que me conhecem, que moram em
Pernambuco. Duas vezes. Da última, com 83% dos votos.
ÉPOCA – Um desafio da aliança entre PSB e Rede é o pouco
tempo de televisão.
Campos – Eu falava com minha mulher, Renata: voltaremos a
disputar eleição como no passado. Em 2006, fui candidato disputando valores em
cima de caixotinho. Tempo de TV é importante, mas não é fundamental. Melhor não
ter tempo e ter o que dizer do que ter muito tempo e não ter o que dizer.
ÉPOCA – Neste ano o povo brasileiro foi às ruas por não se
sentir representado pelos políticos. Qual sua resposta a esse cidadão?
Campos – Foram para a rua para melhorar o Brasil. Ninguém
sai à rua para piorar. A primeira das mudanças precisa ser na política. Se não
mudar a política, não mudará o Brasil. A primeira resposta concreta é dada
desde sábado. A gente oferece um caminho diferente, fora dos arranjos
tradicionais, para colocar em debate. Isso animará enormemente a juventude, os
militantes sociais, os que se preocupam com o futuro do Brasil, os que querem
justiça social. Isso animará quem estava desanimado com a política. Qual o
resultado? Teremos de esperar 2014 para ver o resultado.
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